Ministro diz que Brasil tem posição cautelosa e não pedirá saída de Mubarak
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou que o Brasil “tem uma posição de cautela, observação e apoio à democracia” em relação aos recentes conflitos no Egito e não fará pedidos pela saída imediata do presidente Hosni Mubarak. “Não podemos fazer uma intervenção desse modo – não é nosso feitio”, afirmou […]
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O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou que o Brasil “tem uma posição de cautela, observação e apoio à democracia” em relação aos recentes conflitos no Egito e não fará pedidos pela saída imediata do presidente Hosni Mubarak.
“Não podemos fazer uma intervenção desse modo – não é nosso feitio”, afirmou Carvalho, logo após participar da cerimônia de abertura da 11ª edição do Fórum Social Mundial, em Dacar, no Senegal. “Temos apenas a expectativa de que o presidente Mubarak tenha bom senso, evite o derramamento de sangue e a violência.”
Para Carvalho, “os movimentos de massa [do Egito] lembram muito os que tivemos no Brasil contra a ditadura. Esperamos que ocorra o mesmo que conosco: que esses movimentos saiam dessas lutas para regimes e sistemas de governo democráticos.”
O ministro chefia a delegação brasileira que participa do Fórum Social Mundial, que começou hoje (6) na capital do Senegal. Além dele, também estão no Senegal a ministra da Secretaria de Direitos Humanos Maria do Rosário, e a da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Luiza Helena de Barros.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já chegou a Dacar onde participa amanhã (7) de uma mesa sobre o futuro da África.
No discurso de abertura, Gilberto Carvalho lembrou que o país abrigou as primeiras edições do fórum, em Porto Alegre (RS), em 2001, onde se discutiram alternativas que, depois, se mostraram úteis no combate, por exemplo, à crise mundial.
“A crise nos levou a fugir do caminho imposto pelo FMI [Fundo Monetário Internacional] e outros órgãos, que levou à recessão e miséria”, disse Carvalho. “Era a fórmula da derrota. Mas vimos que nós podíamos encontrar o caminho verdadeiro, deixando de lado a cartilha neoliberal. Preferimos apostar no financiamento à produção e no consumo interno, que nos tirou da crise antes dos outros”
Carvalho disse que o Brasil compareceu ao fórum para ouvir e partilhar experiências. De acordo com ele, “governo nenhum salva país algum” sem ouvir a sociedade. “A crise internacional só confirmou que era preciso estabelecer novas relações econômicas, sociais e políticas no mundo. E o fórum foi esse laboratório.”
Repetindo um gesto feito pelo ex-presidente Lula em algumas ocasiões (inclusive no Senegal, em 2005), Gilberto Carvalho pediu desculpas pela escravidão, o que provocou muitos aplausos. O ministro reconheceu que a pobreza ainda é um problema que “envergonha e vitima milhões de brasileiros” e indicou que o combate à miséria seguirá como prioridade no atual governo.
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