Vereador do PV estaria usando a estrutura de seu gabinete para cuidar de interesses do partido, atitude criticada por membros da própria legenda; ouça o áudio que confirma denúncia

Doze militantes do PV (Partido Verde) de Mato Grosso do Sul protocolaram nesta quinta-feira (10) um pedido de providências na Procuradoria Geral de Justiça de Mato Grosso do Sul em que pedem uma investigação acerca das suspeitas de que o gabinete do vereador de Campo Grande, Marcelo Bluma, do PV, tem sido usado como escritório do partido.

Em reportagem publicada no Midiamax (ver em notícias relacionadas), o parlamentar, também presidente do PV da Capital e vice-presidente interino do partido regional, confirmou que, em seu gabinete, cuida das questões ligadas à legenda.

Logo na abertura do documento endereçado ao procurador-geral da PGJ-MS, Paulo Oliveira, o chefe do Ministério Público Estadual, os militantes do PV escreveram:

“Buscando transparência, ética e esclarecimento dos fatos, no tocante as ações do Partido Verde/MS, mais especificamente sobre o Vereador PV/MS, Sr. Marcelo Bluma, na situação que sugere uso do dinheiro público para custear ações do Partido Verde/MS, cobramos do guardião da Lei, o Ministério Público que auxilie na apuração dos fatos, para que a verdade seja levada à sociedade, e, como militantes não poderíamos ficar inertes diante das noticias divulgadas, as quais, uma vez provadas, se verdadeiras, poderiam macular todo o partido”.

Verba de representação

Os militantes centraram suas críticas pelo uso do gabinete de Bluma por acreditarem que a sigla e seus membros poderiam custear um escritório para tratar de assuntos partidários.

“Para a gestão e manutenção dos partidos políticos o poder público destina o fundo partidário (dotação orçamentária de 2010 ao Partido Verde/BR: R$ 5.945.933,21), os filiados ofertam a contribuição partidária de acordo com as previsões constantes no estatuto (PV), sendo assim, não seria no mínimo, razoável, ao parlamentar utilizar de sua verba de representação para custear linhas de telefone, aparelho de fax, papel, bem como sua assessoria para cumprir expediente para o partido verde (Executiva Municipal e Estadual) tratando assim de assuntos que não dizem respeito ao coletivo, aos interesses da sociedade de Campo Grande, uma vez que esta o elegeu para outra finalidade: Legislar e fiscalizar o pode Executivo Municipal”, expressaram os militantes.

Em entrevista ao Midiamax, Bluma disse que o PV nacional não enviou a ele nenhuma quantia do fundo partidário, daí a necessidade de usar o gabinete como o “QG” do partido.

Os militares argumentaram ainda no documento entregue à Procuradoria que enxergam prejuízos se provado o esquema de Bluma: “… sendo assim, solicitamos que Vossa Senhoria adote as medidas necessárias para apurar e combater os problemas aqui relatados que poderão implicar em sérios prejuízos à moral daquela casa de leis, bem como ao erário municipal”.

Notificação

Além da investigação, os militantes do PV requisitaram um vídeo que teria registrado o discurso de Bluma na Câmara, em que ele narra o motivo do uso do gabinete em interesse do PV.

Na semana passada, o presidente da Câmara Municipal, Paulo Siufi, do PMDB, pediu uma explicação ao vereador por meio de uma notificação. Marcelo Bluma tem dias para apresentar sua justificativa.

Ouça o áudio de telefonema em que funcionária do gabinete de Bluma confirma o funcionamento do PV no prédio da Câmara Municipal bancado com dinheiro público.