Medidas do governo para conter a valorização do real ao longo do ano acabaram ampliando o impacto da crise externa no câmbio. Agora, são apontadas por analistas como razão principal para que o dólar suba no Brasil com muito mais força do que no exterior.

No final de julho, o governo anunciou a taxação de investimentos no mercado futuro de câmbio. O objetivo era restringir apostas na queda do dólar, que forçavam para baixo o preço da moeda. Naquele momento, as apostas de fundos de investimentos estrangeiros na queda chegaram a US$ 22 bilhões.

 Essas operações dariam lucro se o valor da moeda caísse e os juros no Brasil subissem, explica Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO. No entanto, o dólar começou a subir gradualmente em agosto por causa do aumento da incerteza na Europa.

E, no final do mês, o Banco Central reduziu a taxa de juros. “Os fundos começaram então a desmontar as operações, pois elas passaram a dar prejuízo”, explica Nehme. O problema, observa o economista, é que eles encontraram poucos investidores dispostos a vender dólar no mercado futuro, exatamente devido ao novo imposto.

Nos últimos dias, a escassez da oferta ajudou a encarecer ainda mais o dólar. Diante do problema, o BC ofertou contratos cambiais no mercado futuro, o que não fazia desde 2009. Atualmente, as apostas contra a moeda recuaram para US$ 3,7 bilhões. “Quando os fundos conseguirem zerar as operações, a pressão sobre o dólar vai diminuir”, estima Nehme.