O primeiro dia do julgamento do médico Conrad Murray foi encerrado por volta das 20h15 (horário de Brasília) desta terça-feira (27), no Tribunal Superior de Los Angeles, nos Estados Unidos. Ao suspender a corte, o juiz Michael Pastor marcou o retorno da sessão para as 8h45 desta quarta-feira (28), no horário local (12h45, no horário de Brasília), e orientou os jurados a não dar entrevistas, não conversar sobre o julgamento e evitar o Facebook e o Twitter, além de não usar a internet, não visitar qualquer site nem usar o Google.

O julgamento começou por volta das 13h (9h, no horário local) desta terça-feira e pode se estender até o fim de outubro. O médico Conrad Murray é acusado de homicídio culposo, sem intenção de matar. Michael Jackson morreu aos 50 anos após uma parada cardíaca há cerca de dois anos. Antes de morrer, ele ingeriu uma grande quantidade de analgésicos.

O promotor David Walgren abriu este primeiro dia de julgamento mostrando aos jurados uma série de imagens de Michael Jackson, entre elas, uma em que o astro está no hospital, já morto. “O que aconteceu durante esse período foi que os atos e omissões do médico pessoal de Jackson causaram diretamente sua morte prematura”, disse o promotor. “A confiança em Murray custou ao cantor sua própria vida”, completou.

O Ed Chernoff, que defende o médico, diz que Michael Jackson causou a sua própria morte “ao tomar o remédio enquanto o médico estava fora do quarto”. Segundo Chernoff, “ele [Jackson] fez algo sem o conhecimento do seu médico, sem a permissão do médico, contra as suas ordens. Ele fez um movimento que causou sua própria morte”.

Acusação e defesa fizeram suas considerações neste primeiro dia de julgamento. Antes de começar a ouvir as testemunhas, o juiz Michael Pastor afirmou que nenhuma das duas explanações – de defesa e acusação – valiam como prova e que essas evidências começariam a partir daquele momento, com o depoimento das testemunhas.

Testemunhas
Duas testemunhas foram interrogadas nesta terça-feira. A primeira delas foi o coreógrafo e produtor Kenneth John Ortega, conhecido como Kenny Ortega. Responsável pela turnê “This is it”, de Michael Jackson, o coreógrafo relembrou os últimos momentos com o “Rei do Pop”.

“Eu senti que ele [Michael] não estava bem. Ele tinha perdido peso”, disse Ortega, sobre as sucessivas faltas de Jackson aos ensaios. “Havia algo errado”, disse o produtor, em outro ponto do depoimento.

“Levou um tempo para eu voltar a sentir os meus pés no chão”, afirmou Ortega sobre o momento em que recebeu a notícia da morte de Michael Jackson. “Eu reuni todo o grupo [que ensaiava naquele momento], todos se sentaram e eu contei sobre a morte [do cantor]”, descreveu.

A segunda e última testemunha a ser ouvida neste primeiro dia foi o produtor Paul Gongaware, que trabalhou com Michael Jackson na promoção da turnê “This is it” em Londres.

Questionado sobre o que achava do acompanhamento do médico Conrad Murray durante a turnê que Michael Jackson faria em Londres, o produtor Paul Gongaware afirmou que preferia o acompanhamento de um médico de Londres, que tivesse a licença local para trabalhar.

Paul Gongaware disse que a resposta do astro foi, apontando para si mesmo: “Isto é uma máquina e tenho que tomar conta da máquina”, ao justificar a preferência pelo médico pessoal. A licença médica para Conray atuar em Londres continuou sendo discutida entre acusação e testemunha. Segundo Gongaware, o médico pessoal de Jackson disse que “cuidaria disso”, referindo-se à licença para atuar em Londres.

A defesa não chegou a interrogar o produtor Paul Gongaware nesta terça.

Entre as testemunhas convocadas no caso devem estar ainda os paramédicos que levaram Jackson ao hospital, especialistas e namoradas de Murray.

O célebre advogado Mark Geragos, que no passado advogou para o cantor, disse que Paris Jackson, de 13 anos, filha do astro, também pode ser intimada a depor. “Ela não só tem coisas a dizer, como pode dizer de forma convincente”, disse Geragos à Reuters. A menina estava na mansão no momento em que o cantor parou de respirar.

Família
Os pais de Jackson, suas irmãs Janet e La Toya e outros familiares acompanham o julgamento, que pode se estender até o final de outubro, com transmissão ao vivo pela TV. Se considerado culpado pelo júri, Murray pode ser condenado a quatro anos de prisão.