Juiz de Dourados condena Petrobras por contaminação do lençol freático

Devido a vazamento na antiga base de distribuição sob responsabilidade da empresa, a Petrobras terá que identificar pontos de captação e consumo, monitorar a qualidade da água e adotar medidas para a descontaminação.

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Devido a vazamento na antiga base de distribuição sob responsabilidade da empresa, a Petrobras terá que identificar pontos de captação e consumo, monitorar a qualidade da água e adotar medidas para a descontaminação.

Devido a vazamento na antiga base de distribuição sob responsabilidade da empresa, a Petrobras terá que identificar pontos de captação e consumo, monitorar a qualidade da água e adotar medidas para a descontaminação.

De acordo com matéria publicada nesta quarta-feira (31) pelo site Dourados Agora, a decisão é do Juiz José Carlos de Paula Coelho e Souza, que condenou a Petrobrás a adotar medidas de descontaminação da água subterrânea na região da Cabeceira Alegre, em Dourados, onde funcionava antiga base de distribuição de combustível. Em julho deste ano, o Ministério Público acionou a Justiça contra a Petrobras, alegando que laudos técnicos comprovaram a contaminação da água.

A poluição é proveniente de plumas de óleo em fase dissolvida que contêm substâncias tóxicas e cancerígenas como benzenos e xilenos. O laudo observa que estes vazamentos teriam extrapolado a antiga base e atingido o subsolo de residências e estabelecimentos comerciais vizinho.

Segundo determinação da Justiça, a Petrobras tem 60 dias para notificar por escrito todos os donos de imóveis situados num raio de mil metros ao redor da antiga base, “comunicando os respectivos moradores sobre a existência de pluma de contaminação do lençol freático e do risco decorrentes do consumo ou do contato dérmico com as águas subterrâneas, recomendando-se cautela no caso de instalação ou operação de poço no local”.

Além disso, segundo decisão, a Petrobras tem o mesmo prazo para identificar e cadastrar a existência de poços de captação de água nos imóveis servidos pelo lençol freático, bem como encaminhar comunicação a todos os proprietários sobre os riscos de saúde. A Petrobrás também deverá apresentar mensalmente, nos autos e nos órgãos responsáveis pelo controle, quais as medidas que estão sendo adotadas para descontaminação com a redução das substâncias contaminantes existentes nas águas, até que atinjam os níveis de concentração aceitáveis.

De acordo com o promotor de Justiça do Meio Ambiente, Paulo Cesar Zeni, é de fundamental importância que moradores próximos a esta área não utilizem água de poços. Ele ingressou na Justiça para obrigar a Petrobras a interromper a poluição e promover medidas de compensação ambiental O MP pede indenização de R$ 100 mil pela poluição, montante a ser remetido ao Fundo de Meio Ambiente.

O documento assinado pelo promotor diz que a presença destas plumas de contaminação oferece diversos riscos a saúde humana. Ele destaca que a inalação de vapores provenientes da água subterrânea, no local abrangido pelas plumas, pode causar doenças cancerígenas, assim como a ingestão e o contato da pele com a água contaminada.

Em respostas aos questionamentos realizados pela Promotoria, a Petrobras alegou que “os riscos apontados podem ser desconsiderados atualmente, uma vez que não há ingestão, nem contato térmico com as águas subterrâneas na área da base e em seu retorno”.

Por sua vez, a promotoria de Justiça alega que o simples fato de atualmente não haver ingestão da água por moradores da região ou não haver contato dérmico dos cidadãos com a água contaminada “de forma alguma desonera ou diminui a gravidade da conduta poluidora, já que o dano ambiental persiste e nada garante que futuramente os moradores desavisados da região não perfurarão poços visando a captação de água do lençol freático (…)”. Segundo a promotoria foram realizados dois laudos por uma empresa contratada pela Petrobrás. As análises foram realizadas nos anos de 2008 e 2009. Uma pesquisa da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) também aponta para o mesmo resultado: a comprovação da contaminação.

Na base de distribuição da Petrobras um prédio antigo abriga três famílias. A reportagem esteve no local na última sexta-feira (26) e constatou a precariedade em que vivem os moradores. Todos sabem que a ingestão da água é perigosa e por causa disso não têm contato com os 14 poços de monitoramento disponíveis.

De acordo com a moradora Gersina Mendes dos Santos, as famílias buscam em média 40 baldes de água num posto de combustível vizinho. Num “carrinho” de bebê improvisado e com as rodinhas já danificadas ela busca de dois em dois baldes. Ela não soube responder se água do posto é proveniente de poço, uma vez que poderia também estar contaminada.

A Petrobras ingressou com pedido de reintegração de posse na justiça para desocupar a área da antiga base, que está invadida. A ação teve início em 2009. A Petrobrás garantiu na época que com a retomada do local se comprometeria a realizar monitoramento analítico semestral durante o período de dois anos e implantado Sistema de Remediação Ambiental especialmente dimensionado para a eliminação da contaminação existente. A reportagem apurou que numa primeira decisão, o judiciário foi favorável ao pedido da empresa.

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