Engenheiros japoneses conseguiram neste sábado (19), pelo horário local, conectar os cabos de energia à usina nuclear de Fukushima Daiichi, atingida pelo terremoto e pelo tsunami de 11 de março, em uma tentativa de conter o vazamento radioativo.

A Tokyo Electric Power Co (TEPCO) afirmou que a linha de transmissão externa foi conectada e que ela já pode fornecer eletricidade.

O próximo passo será checar se os equipamentos de resfriamento dos reatores estão funcionando, para então tentar reiniciá-los, dando prioridade aos equipamentos usados para o resfriamento. Pela ordem, eles seriam religados nos reatores 2, 1, 3 e 4.

Quase 300 engenheiros que trabalham dentro do raio de 20 quilômetros que foi isolado pelas autoridades devido à radiação estavam focados em conseguir religar a energia das bombas de água.

Se isso funcionar, será um ponto de virada na tentativa de conter o grava acidente nuclear na usina, a 240 km da capital do Japão, Tóquio.

O fato de terem religado a energia, no entanto, não exclui outras opções para a usina nuclear, incluindo enterrá-la debaixo de areia e concreto – mesmo método empregado em Chernobyl em 1986 para selar vazamentos enormes.

Nível 5

O Japão elevou o nível de gravidade da crise nuclear do país de 4 para 5 numa escala internacional de intensidade até 7. Assim, a situação em Fukushima se iguala ao acidente de Three Mile Island em 1979, apesar de alguns especialistas afirmarem que o caso japonês é mais grave.

Chernobyl, na Ucrânia, teve intensidade 7 nessa escala.

A empresa que opera a usina do Japão reconheceu pela primeira vez que seria possível enterrar o grande complexo erguido há 40 anos -um sinal de que medidas isoladas, como atirar água de helicópteros militares sobre o reator ou esforçar-se para religar as bombas de resfriamento, podem não funcionar.

“Não seria impossível encerrar os reatores em uma capa de concreto. Mas nossa prioridade neste momento é tentar primeiro resfriá-los”, disse um funcionário da Tepco.

Situação estável

A agência de energia atômica da ONU afirmou que a situação da usina continuava muito séria, mas não estava piorando.

“A situação na usina nuclear de Fukushima Daiichi continua muito séria, mas não houve piora significativa desde nosso último briefing”, na véspera, disse Graham Andrew, funcionário veterano da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).

A situação nos reatores nas unidades 1, 2 e 3 parece continuar praticamente estável.

O Conselho de Ministros da AIEA vaI se reunir na próxima segunda em sessão extraordinária para a apresentação de um relatório do diretor geral Yukiya Amano, que estava no Japão, informaram fontes da organização nesta sexta-feira.

Ao longo desta sexta, especialistas tentaram resfriar o reator 3 da usina. Dezenas de caminhões-pipa voltaram a lançar água no contêiner, muito danificado após o terremoto. Cerca de 30 caminhões foram utilizados na operação.