Um homem idoso judeu que vive nos Estados Unidos passou décadas se correspondendo com líderes mundiais como o ex-presidente americano John Kennedy, o líder religioso iraniano Aiatolá Khomeini e o ex-líder líbio Muammar Khadafi.

No apartamento abarrotado de Louis Schlamovitz no bairro do Brooklyn, em Nova York, é possível encontrar uma fotografia autografadas de Kennedy ao lado de um retrato do general panamenho Manuel Noriega. Ambas trazem mensagens de bons votos assinadas pelos políticos.

Em outra foto, Schlamovitz aparece de costeletas em encontro com o ex-presidente americano Richard Nixon, na Casa Branca, no momento em que o escândalo de Watergate começava a ser divulgado no país.

A rainha Elizabeth 2ª, no entanto, ainda não respondeu pessoalmente ao colecionador de autógrafos americano de 81 anos.

“A Rainha só escreve para pessoas que já conheceu pessoalmente”, explica Schlamovitz.

No entanto, ele ainda guarda um autógrafo da rainha e do príncipe Philip enviados pelo Palácio de Buckingham há 30 anos.

Visitas da CIA
Ex-florista e veterano da guerra da Coreia, Schlamovitz tem 60 álbuns cheios de correspondências e fotos assinadas por líderes mundiais, estrelas de cinema e ídolos do esporte de décadas passadas.

Ele começou a coleção ao ser enviado para a Coreia com o Exército americano em 1953, quando um amigo sugeriu que ele enviasse um cartão de Natal para o presidente Harry Truman.

Quando a resposta chegou da Casa Branca, o jovem soldado sentiu que havia encontrado sua vocação.

Ele começou a buscar em jornais e anotar os nomes de figuras públicas, suas datas de nascimento e marcos de comemorações importantes.

“Nem todo mundo me responde, mas a maioria das pessoas sim”, diz. “Eu escrevo coisas boas para eles, mas não quer dizer que seja sincero.”
Schlamovitz, que é judeu, se correspondeu avidamente com líderes do Oriente Médio que não reconheciam o Estado de Israel. No entanto, ele admite que o hábito lhe rendeu frequentes repreensões de rabinos.

“Não quer dizer que eu concorde com eles. Eu só quero tê-los na minha coleção.”
O veterano de guerra também se correspondeu com o ex-líder líbio Muamar Khadafi e chegou a parabenizá-lo pelo aniversário da revolução liderada pelo coronel no país. Em resposta, ele recebeu longas cartas em que Khadafi protestava contra políticas dos Estados Unidos e de Israel.

“Parei de escrever para ele em 2000. Cansei de toda aquela propaganda.”
Por causa das cartas em sua coleção, Schlamovitz recebeu visitas da CIA, do FBI e do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.

Segundo ele, Khadafi era uma especial fonte de preocupação para o governo: os agentes da CIA se perguntavam por que um americano se correspondia com o líder de um governo suspeito de estar por trás do atentado de Lockerbie.

Oriente Médio
Apesar das suspeitas, o americano permanece orgulhoso de seus álbuns do Oriente Médio. Eles incluem, além do aiatolá iraniano Ruhollah Khomeini, o ex-líder da Autoridade Palestina Yasser Arafat e o ex-presidente egípcio Anwar Sadat, assassinado em 1981.

Os protestos da Primavera Árabe tiraram do poder outros líderes para quem Schlamovitz escreveu, como o ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, que enviou um cartão de Natal do Cairo para o Brooklyn.

“Eu acho que Mubarak fez a coisa certa ao renunciar. Khadafi deveria ter feito o mesmo. A política é um jogo brutal.”
Seu tesouro de autógrafos fez com que muitos colecionadores peregrinassem até sua casa em todos estes anos.

Schlamovitz vendeu alguns itens de suas coleções de John Kennedy e Marilyn Monroe, mas a maioria dos seus álbuns permanece intacta. Ele quer deixá-los como um presente para sua família.

Ele diz que pretende escrever “novamente” para o presidente americano, Barack Obama, e para a primeira-dama, Michelle Obama, e que também enviará um bilhete para o governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo.

O americano reclama de não conseguir mais segurar a caneta como antigamente, mas diz que escrever o mantém ocupado.

“Eu me sinto bem quando eles escrevem de volta. Eu não sou nada de especial, só um cara qualquer, mas agora sou parte da história”, diz.