A greve dos funcionários da Justiça pode impedir a realização das audiências da Semana Nacional da Conciliação, programadas para esta semana em São Paulo. Nesta segunda-feira (28), trabalhadores em greve fizeram uma manifestação durante a cerimônia de abertura do evento. Amanhã (29), segundo dirigentes do Sintrajud (Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal) no Estado de São Paulo), eles pretendem mobilizar os servidores para que não façam as audiências de conciliação caso seus pedidos não sejam atendidos.

 

“Temos um dever com a população que está aqui, por isso hoje vai funcionar”, disse o coordenador-geral do Sintrajud, Adilson Rodrigues. “Agora, esperamos um gesto das autoridades senão podemos parar amanhã”.

 

Funcionários da Justiça Federal, do Trabalho e Militar estão em greve desde final de setembro. Os trabalhadores reivindicam a implantação de um PCS (Plano de Cargos e Salários) para a categoria, além de reajuste de 33% nos salários. “Estamos sem aumento há cinco anos”, disse Rodrigues. “Queremos a reposição do que foi perdido pela inflação”.

 

Organizada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a Semana Nacional da Conciliação serve para resolver conflitos judiciais de forma mais rápida por meio de acordo entre as partes envolvidas em processos. Réus e processantes são convocados para uma audiência para discutir ações em tramitação no Judiciário.

 

Em São Paulo, cerca de 5 mil audiências devem ocorrer no Memorial da América Latina, região oeste da capital, onde estão programadas sessões de conciliação da Justiça Federal, Justiça Estadual e Justiça do Trabalho.

 

A Justiça do Trabalho tem mais de 35 mil audiências de conciliação programadas para esta semana. O presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (Grande São Paulo e Baixada Santista), Nelson Nazar, ressaltou, porém, que a programação depende da greve. “Se a greve não atrapalhar, vamos conciliar de 34 mil a 35 mil processos”, disse.

 

Em seu discurso, Nazar criticou os grevistas. Impedidos de entrar no salão da cerimônia de abertura, manifestantes usaram buzinas e apitos para chamar a atenção das autoridades que foram ao evento. “Eles [manifestantes] têm que ouvir o que nós temos a dizer para depois se expressarem”, disse Nazar. “Por mais justa que seja [a reivindicação], eles [os manifestantes] perderam a razão.