Governo do Egito põe Exército na rua e decreta toque de recolher

O governo do Egito decretou nesta sexta-feira (18) toque de recolher e colocou o Exército nas ruas da capital, Cairo, depois que manifestantes e policiais entraram em choque, em confrontos que se tornam cada vez mais violentos. Os protestos, que se espalham pelo país, têm o objetivo de forçar a saída do presidente Hosni Mubarak, […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O governo do Egito decretou nesta sexta-feira (18) toque de recolher e colocou o Exército nas ruas da capital, Cairo, depois que manifestantes e policiais entraram em choque, em confrontos que se tornam cada vez mais violentos. Os protestos, que se espalham pelo país, têm o objetivo de forçar a saída do presidente Hosni Mubarak, no poder desde 1981.

O toque de recolher decretado por Mubarak entrou em vigor às 18h (14h no horário de Brasília) e permanecerá até as 7h deste sábado (3h em Brasília).

Fontes dos serviços de segurança informaram à agência de notícias Efe que ao menos três pessoas morreram no Cairo, capital do país. Já a agência de notícias France Presse afirmou que uma pessoa morreu em choques com a polícia na cidade de Suez. A rede britânica BBC disse que os protestos acontecem em ao menos nove cidades do país.

Manifestantes egípcios atearam fogo na sede do governo em Alexandria, informou um correspondente da France Presse, no quarto dia de mobilização contra o regime de Hosni Mubarak – que ficou conhecido como a “sexta-feira de ira”. E, em meio ao aumento da violência, o governo colocou veículos e tropas militares para garantir a ordem nas ruas, informou a rede CNN.

Os protestos levaram um membro do partido de Mubarak a pedir reformas “sem precedentes”. Enquanto isso, Mohamed ElBaradei, ganhador do Nobel da Paz e líder da oposição, permanece detido.

Segundo a Efe, os três mortos na capital são civis que participavam das manifestações ao redor da praça Tahrir, epicentro dos protestos políticos dos últimos dias e que está cercada pela polícia, segundo as fontes. As vítimas morreram supostamente por ter recebido tiros com balas de borracha a uma curta distância, informaram as mesmas fontes.

A Efe informou ainda que mais de 300 pessoas foram presas durante os protestos na capital, que deixaram 120 feridos.

No Cairo, milhares de pessoas, reunidas em diferentes pontos, tentavam tomar conta da praça Tahrir (praça da libertação), e enfrentavam com pedras a polícia, que respondeu com balas de borracha e bombas de fumaça.

A rede americana CNN informou que o governo colocou militares na rua para garantir a ordem no Cairo.

Mostapha al Fekki, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia, também membro do Partido Nacional Democrata no poder, pediu nesta sexta-feira ao presidente egípcio Hosni Mubarak que faça “reformas sem precedentes” para evitar uma revolução no Egito. Ele fez a declaração à rede Al Jazeera, do Qatar.

– Em nenhuma parte do mundo a segurança é capaz de pôr fim à revolução. O presidente é a única pessoa que pode pôr fim a esses acontecimentos.

Os quatro jornalistas franceses detidos nesta sexta-feira, no Cairo, foram libertados, informou o redator-chefe do jornal Le Figaro. A prisão havia sido anunciada pelo porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores, Bernard Valero.

Segundo uma fonte diplomática, os jornalistas presos trabalham para os jornais Journal du Dimanche e Le Figaro, e a agência de foto Sipa e a revista Paris-Match.

Presidente jamais enfrentou protesto tão grande

As autoridades egípcias detiveram também o dirigente da oposição egípcia e prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, informou nesta sexta-feira (28) a rede de televisão Al Jazeera, do Qatar.

Segundo a Jazeera, ElBaradei estava nesta sexta-feira em uma mesquita do bairro de Giza, e quando tentou sair dela foi impedido pela polícia, que também proibiu a saída do dirigente da oposição Ossama Ghazali.

A polícia disparou para o ar e usou gases lacrimogêneos e jatos de água para dispersar a multidão ao término da oração na qual ElBaradei participou junto a 2.000 pessoas, antes das novas manifestações convocadas contra o regime.

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, governa o país desde 1981 e nunca, durante sua administração, enfrentou tamanha onda de protestos. Os egípcios pedem a saída de Mubarak e a implantação de uma democracia real, sem eleições fraudulentas, uma acusação que pesa sobre o governante egípcio.

Em novembro deste ano, o país deve passar por eleições presidenciais e Mubarak é um possível candidato. Outro nome cogitado é o de seu filho, Gamal.

Conteúdos relacionados