Os ministros da Agricultura do grupo das 20 principais economias mundiais, o G20, chegaram ao consenso nesta quinta-feira de que é necessário combater os preços em alta dos alimentos, mas não corresponderam às ambiciosas propostas da França sobre a imposição de regras mais rígidas aos mercados de commodities.

“Os membros do G20 concluíram um acordo nesta manhã sobre um plano de ação sobre a volatilidade dos preços de alimentos e a agricultura global”, disse o ministro da Agricultura francês Bruno Le Maire a jornalistas após presidir a reunião.

Um documento oficial não foi disponibilizado imediatamente após a reunião, mas uma fonte do G20 afirmou ter alertado os ministros das Finanças do G20 para a necessidade de melhorar a regulamentação e a supervisão dos mercados de commodities.

No entanto, ficou a sensação de que falta ao acordo um comprometimento com uma dura repressão a especuladores, causa pela qual o presidente francês Nicolas Sarkozy realizou uma campanha na abertura do encontro, o primeiro do G20 sobre o assunto.

“Reconhecemos que mercados financeiros agrícolas com regulamentação apropriada e transparência são realmente a chave para o bom funcionamento do mercados físicos”, dizia o documento final, de acordo com uma fonte.

“Usando isto como princípio, nós encorajamos fortemente os ministros de Finanças e dirigentes de bancos centrais a tomar as decisões adequadas para uma melhor regulamentação e supervisão dos mercados financeiros agrícolas”, acrescentou.

Os custos mundiais dos alimentos chegaram a um recorde mais cedo este ano, reavivando memórias dos elevados preços em 2007 e 2008 que motivaram protestos em países em desenvolvimento, e dando nova urgência ao debate sobre como aprimorar um sistema produtivo global de alimentos que deixa cerca de 925 milhões de pessoas passando fome.

A França desejava que todos os países que fazem parte do G20 se comprometessem a limitar posições –forma de controlar o quanto um investidor pode comprar do mercado–, mas a fonte do G20 disse que o comunicado apenas afirmava que as reformas podem incluir limites de negociações.

O plano de ação inclui o aumento da capacidade de produção agrícola, elevando a transparência do mercado por meio de uma nova base de dados e removendo as restrições à exportação de comida para auxiliar outros países, disse Le Maire.

Com o acordo, os membros do G20 concordaram em interromper a restrição à exportação de alimentos para ajuda humanitária, disse o secretário de agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, em comunicado.

Os membros se comprometeram a fazer o acordo ser aprovado sob as regras da Organização Mundial do Comércio, disse uma fonte próxima às negociações.

No entanto, o alcance dos comprometimentos com a regulamentação e outros assuntos que dividem opiniões como biocombustíveis e estoques emergenciais de alimentos será limitado, disseram outras fontes.

O Brasil, um dos maiores produtores de etanol de cana-de-açúcar, tem se oposto a sugestões de que os biocombustíveis contribuem para o aumento de preços de alimentos, enquanto os EUA têm estado céticos sobre a ideia de desenvolver estoques de alimentos para fins humanitários.