O frigorífico JBS iniciou ontem (21) uma demissão em massa de trabalhadores nas suas unidades localizadas em Campo Grande. Na unidade do antigo Bordon, na saída para Aquidauana, os trabalhadores demitidos já somam 80. Na unidade II do grupo, antigo Bertin, que fica na saída para Sidrolândia, as demissões já teriam alcançado 100 trabalhadores. Segundo os funcionários desligados, foi dito que demissões devem ocorrer, podendo chegar a 500. Os demitidos foram comunicados que receberão 3 cestas básicas, como “ajuda” até que encontrem outro emprego.

Segundo o presidente da União Geral dos Trabalhadores de MS (UGT-MS), Fábio Bezerra, a empresa não cumpriu o que estabelece a lei nos casos de demissões coletivas, que devem ser precedidas de negociação.

Segundo trabalhadores demitidos na unidade I (antigo Bordon), foi passada a informação que a chamada “área fria” do frigorífico, onde é feita a desossa, será desativada. Dessa forma, a unidade fará apenas o abate dos bois e a desossa será feita na unidade II do grupo em Campo Grande, que, segundo sindicalistas da UGT, foi comprada do grupo Bertin com dinheiro do BNDES.

Monopólio e dinheiro do BNDES – Fábio diz que a demissão em massa por si já merece repulsa, “mas o fato se torna mais revoltante se levarmos em conta que o grupo JBS recebeu dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para fazer investimentos”. O sindicalista aponta uma contradição entre o discurso do governo federal, que afirma que os investimentos do BNDES são para gerar emprego e renda, com a realidade, onde o maior grupo produtor de carne do mundo recebe incentivos para em seguida fazer demissão em massa.

Para o sindicalista, os investimentos do governo federal no setor de frigoríficos precisa ser revisto. “Hoje temos em Campo Grande duas plantas frigoríficas fechadas, casos do Independêndia e Frangovit, além de outras unidades paradas no interior do estado”. Para ele, esses investimentos não podem estimular o monopólio, que leva à concentração no setor e demissões como estas que estão ocorrendo agora.

Fábio denuncia também que a empresa está se aproveitando das demissões para promover ação anti-sindical, desligando trabalhadores que fazem parte da chapa de oposição. “As eleições estão suspensas por determinação judicial e agora a empresa demite membros da chapa de oposição. Isso é uma clara manobra anti-sindical e vamos denunciar no Ministério Público”.

O candidato a presidente da chapa de oposição, Joel Silva Campanha, trabalhador da desossa, é um dos demitidos. Ele afirma que os trabalhadores foram pegos de surpresa, sem nenhum aviso prévio. “Só fomos comunicados”. Ele questiona sobre como ficará a situação dessas centenas de famílias. Ele considera a ação do grupo JBS como uma irresponsabilidade social, feita com dinheiro do BNDE. “O monopólio no setor da carne deu nisso”, conclui.