O diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Nicolas Eyzaguirre, elogiou o regime de metas de inflação brasileiro. Ele classificou o sistema como uma bem sucedida estratégia da economia brasileira para atingir a estabilidade econômica. Eyzaguirre participa do 13º Seminário sobre Metas de Inflação, promovido hoje no Rio de Janeiro pelo Banco Central (BC).

Durante o evento, Eyzaguirre comentou que as economias que adotam o sistema de metas de inflação normalmente angariam um espectro de tempo maior para absorver choques. Porém, ele fez uma ressalva: mesmo com regime de metas e com política fiscal eficiente, é preciso que as autoridades brasileiras fiquem atentas à evolução dos mercados de crédito, para que este não possa conduzir a “surpresas desagradáveis” no cenário macroeconômico. Isso porque a iniciativa privada, na avaliação de Eyzaguirre, pode conduzir a ambientes de excessiva concessão de crédito, que podem gerar demandas expressivas no mercado.

Apesar disso, o diretor foi taxativo ao classificar o Brasil como “um exemplo” entre os emergentes, de como os países podem avançar nas áreas de política fiscal, com seus superávits primários; e com sua política de metas de inflação. Ele lembrou que, em 2001, os mercados internacionais viam a economia brasileira com cautela, e estavam “nervosos” devido à perspectiva cada vez mais premente, naquela época, de ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. “Mas muito aconteceu desde então. Todos estão apaixonados pelo Brasil agora. Mas amor demais também não é muito bom”, avaliou.

O diretor ressaltou ainda alguns temas aos quais o Brasil deve ficar atento no cenário econômico internacional. Ele comentou que os preços dos metais devem seguir em alta, mas que os preços dos alimentos podem desacelerar nos próximos meses. De uma maneira geral, porém, os preços das commodities (matérias-primas) devem permanecer elevados nos próximos meses, na opinião dele. Eyzaguirre alertou principalmente para o comportamento de preços do petróleo, que ultrapassou a cotação de US$ 100 o barril e pode continuar acima deste patamar nos próximos meses – embora hoje, na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês), o petróleo esteja cotado abaixo disso, com a onda de queda das commodities vista nos mercados internacionais.