Festejos da Virgem de Urkupiña reúnem devotos bolivianos e brasileiros

Ao lado da gruta, que fica próximo às estruturas das barracas onde cotidianamente os feirantes da Brasbol cumprem seu trabalho, é que, anualmente, acontece a missa em louvor à Virgem de Urkupiña, santa considerada a padroeira da integração nacional da Bolívia.

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Ao lado da gruta, que fica próximo às estruturas das barracas onde cotidianamente os feirantes da Brasbol cumprem seu trabalho, é que, anualmente, acontece a missa em louvor à Virgem de Urkupiña, santa considerada a padroeira da integração nacional da Bolívia.

Ao lado da gruta, que fica próximo às estruturas das barracas onde cotidianamente os feirantes da Brasbol cumprem seu trabalho, é que, anualmente, acontece a missa em louvor à Virgem de Urkupiña, santa considerada a padroeira da integração nacional da Bolívia.

Neste domingo, 21 de agosto, completaram-se oito anos que a celebração é realizada, reunindo devotos bolivianos e também brasileiros. Um altar foi montado onde se destacou a imagem da Virgem de Urkupiña, ladeada por Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e pela Virgem de Caacupé, padroeira do Paraguai.

Para o padre Evandro Antonio Cavalli, da Congregação dos Padres Missionários Scalabrinianos, que visita a região, acompanhar este momento mostra a peculiaridade das relações de quem vive na fronteira.

“Como scalabrinianos, nosso enfoque são os migrantes. Com eles, procuramos incentivar as manifestações, fazendo a integração dessas devoções populares e as manifestações de fé. Que a nossa fé nos ajude a criar a fraternidade, vencer os preconceitos, as discriminações que possam nos dividir”, comentou o religioso.

A presença dos padres scalabrinianos, que celebraram em conjunto a missa com o padre João Marcos Cimadon, da Pastoral da Mobilidade Humana de Corumbá, foi motivo de orgulho para os devotos como destacou Jimmy Antezana, presidente da Feira Brasbol ao lembrar o início da devoção à santa pelos feirantes.

“Celebrávamos a missa na porta do escritório da feira e, em 2003, um padre nos sugeriu que conseguíssemos uma imagem da Virgem de Urkupiña e fizemos essa gruta. Hoje, esse local se tornou um ponto turístico, muitas pessoas vêm visitar e tiram foto, pois a mãe de Jesus é uma só, ela apenas troca de nome conforme o povo. É um orgulho, uma alegria grande, termos nesta missa padres de vários lugares do Brasil que vieram conhecer a gruta e as nossas festividades”, avaliou.

Pasantes

Emocionado ao final da celebração, Gabriel Coca, que foi o responsável por, esse ano, organizar os festejos à santa conversou com a reportagem. “Estou muito feliz porque de todos os anos que a festa aconteceu, nunca se havia celebrado a missa do jeito como ocorreu hoje. Tem padres missionários de vários lugares que chegaram do Brasil e estou muito emocionado porque toda minha família está unida. A Virgem de Urkupiña significa muito porque me deu mais forças para seguir adiante, pois estava com problemas mas, graças a ela, superei e, hoje, posso unir toda a gente da feira e toda minha família em nome dela”, afirmou o pasante, nome pelo qual é conhecida a pessoa responsável por organizar todos os festejos.

A cada ano um novo pasante assume a realização da festa e isso ajuda a manter mais viva a fé na santa originária da cidade de Cochabamba. Com uma imagem da Virgem de Urkupiña nas mãos, Hanz Verdan, morador de Puerto Quijarro, contou que em 2009, ele e sua esposa, Marisol Carvalho, foram os pasantes dos festejos.

“É uma Virgem muito milagrosa, muito forte. Quem crê de verdade, acaba tendo o pedido atendido. Eu me apeguei mais a ela e tive a oportunidade de organizar uma festa em 2009. Fizemos o mesmo que está acontecendo agora, chamamos grupos de dança e música, dividimos com as pessoas, fizemos missa e novena. O maior orgulho que temos como pasante é dividir com as pessoas a mesma tradição que temos”, disse.

Integração

Depois da missa, um cortejo dançante seguiu pelas ruas de Corumbá em direção à Puerto Quijarro, cidade fronteiriça do lado boliviano onde uma festa foi preparada com música, comida e bebida, Cerca de 700 pessoas participaram até à noite das comemorações na sede de um clube social da cidade.

E entre os muitos devotos que se vestem a rigor e ensaiam para dançar no cortejo pela santa, a reportagem do Diário encontrou dois brasileiros. Um deles é Toni Batista dos Santos Porcino, 23 anos. Nascido em Campo Grande, mas morando desde os oito anos de idade em Corumbá, o jovem contou que começou a dançar devido a uma promessa a Virgem de Urkupiña.

“Conheci a cultura deste povo pelo fato de trabalhar há muito tempo com os bolivianos. Quando se conhece, passa-se a gostar e, hoje, me sinto como diz o nome da feira aqui, Brasbol – brasileiro e boliviano ao mesmo tempo”, relatou o jovem que dança o estilo Pujllay, oriundo da região boliviana de Sucre.

Com 23 anos de idade, a brasileira Suziléia Brito de Souza, dançou pela segunda vez em homenagem à santa boliviana. Em companhia do filho, ela comentou. “A religião é ótima e eu achava a dança muito bonita. Fiz uma promessa e hoje cumpro o segundo ano. O povo boliviano me aceitou normalmente e me sinto feliz por isso: fazendo parte dessa fé e festa singulares na nossa cidade”, falou ao convidar mais brasileiros para participarem de todos os momentos da comemoração que acontece a cada agosto.

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