Pessoas contam como a feira central de Três Lagoas faz parte de suas vidas nas noites das quartas-feiras e nas manhãs dos sábados.

Um mergulho nos aromas, nos sabores, nas cores, nos sons, nos toques. A feira central em uma cidade com intenso crescimento populacional não poderia ser diferente. E Três Lagoas, a 338 quilômetros de Campo Grande, é assim a todos que frequentam o local, nas noites das quartas-feiras e aos sábados, pela manhã. 

Para a feirante três-lagoense, Rosalina Sinzato, estar atrás do balcão, na banca da família, faz parte de sua vida. Ao todo, são 40 anos atendendo os fregueses, tal como os pais, irmãos, filhos e netos.

“O primeiro local onde era a feira, quando comecei a trabalhar com meus pais, eu nem me lembro. Só sei que já faz 40 anos que minha família tira o sustento por detrás deste balcão. Alguns dos produtos que vendemos hoje nem eram comercializados ou então, ainda não existiam, mas a qualidade e o bom preço, que meu pai sempre se esmerou em trazer para os fregueses, em nada mudaram”, conta a feirante.

A matriarca da família, dona Yoshico Sinzato, continua acompanhando os descendentes nos dois expedientes semanais da feira de Três Lagoas: nas noites das quartas-feiras e nas manhãs dos sábados. A viúva de 86 anos agora brinca com os bisnetos enquanto as filhas, genros e netos, vendem as verduras, legumes, grãos e hortaliças, trazidas do estado de São Paulo.

Localizada na área central da cidade, na Avenida Rosário Congro, a feira tem de tudo um pouco – há a banca da família do floricultor, Adeildo Oliveria, que percorre há 10 anos, todos os sábados, 80 quilômetros de Muritinga do Sul, no estado de São Paulo, até Três Lagoas, para trazer flores e plantas aos clientes.

“Antes montávamos nossa banca em feiras de outras cidades, mas vimos que os custos com a viagem não compensava. Hoje só saímos de Muritinga para vir a Três Lagoas, todos os sábados”, explica Adeildo, e recebe o olhar de aprovação da esposa, Eliane.

Edmir Cimionato volta para casa, em Tupi Paulista, feliz e com o bolso cheio. Das 1.800 verduras trazidas para a feira de sábado, em Três Lagoas, não sobrou nenhuma. O preço, para arrasar com a concorrência, ele expôs em um grande cartaz.

“Compensa em 100%. Em minha cidade, produzo meus produtos em um alqueire e meio de terra. Faz seis anos que estou nesta lida com as hortaliças. Hoje tenho bancas em feiras de 10 cidades. O meu desejo agora é conseguir um ponto no meio da feira daqui. Dessa forma, poderei vender ainda mais”, expõe o comerciante.


Mudança

Os feirantes ainda não sabem se a feira mudará para “dentro dos muros da Estação Ferroviária” – nos fundos da feira atual.

Poucos têm empresa regulamentada. A mudança traz dúvidas e receios quanto à permanência na ilegalidade.

“Houve um boato sobre isso, mas ninguém tem certeza. Aguardamos a decisão da Prefeitura. Só esperamos que a transferência não nos custe caro, pois trabalhamos com pequenos lucros sobre as mercadorias que vendemos”, pondera um dos feirantes.

Os frequentadores afirmam que, se a mudança acontecer, continuarão a visitá-la e a comprar os produtos ali vendidos.

“Às quartas-feiras eu trabalho aqui nesta banca, mas aos sábados é a hora de vir com meu filho comer os deliciosos pastéis”, ri e conta a funcionária da pastelaria da feira central de Três Lagoas, Tatiane Oliveira.