Falta de respiradores pode ter provocado a morte de cinco pessoas na Santa Casa
Sem equipamento mecânicos, enfermeiros recorrem aos respiradores manuais que exigem força do enfermeiro. Reunião de emergência na tarde desta quinta-feira trouxe o problema à tona perante entidades ligadas ao setor de saúde, trabalho e justiça.
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Sem equipamento mecânicos, enfermeiros recorrem aos respiradores manuais que exigem força do enfermeiro. Reunião de emergência na tarde desta quinta-feira trouxe o problema à tona perante entidades ligadas ao setor de saúde, trabalho e justiça.
Cinco pessoas internadas na Santa Casa de Campo Grande podem ter morrido nos últimos dias pela falta de respiradores mecânicos e estrutura para sua instalação. Sem o equipamento, pacientes são cuidados com uma peça manual e isso exige força e resistência do enfermeiro.
O assunto foi tratado numa reunião na tarde desta quinta-feira, 26, na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), com representantes da categoria de enfermagem, diretoria da unidade hospitalar, Ministério Público Estadual e governo do Estado.
A denúncia que chegou ao MPT partiu de representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Enfermagem, onde a carga horária imposta especialmente por aqueles que manuseiam o ambu (respirador manual) está bem acima do limite humano e indicado clinicamente.
A presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) Amarílis Pereira Amaral Scudellar destacou na reunião que um profissional consegue manter pelo tempo de 10 minutos o ritmo de bombeamento manual aconselhado para que o paciente receba a quantidade ideal de ar.
Depois disto, por conta do esgotamento muscular, os movimentos da mão começam a modificar. O que preocupa as entidades que representam o setor é que nesta quarta-feira foi descoberto que pacientes estão ficando 36, 40 e até 72 horas com este tipo de atendimento.
“O ambu é para um atendimento emergencial, ou seja, no local do atendimento, transporte e tempo de primeiros socorros até este paciente ser encaminhado para o setor de tratamento. Não é para ficar dias como vimos ontem”, alerta Amarilis Amaral.
Ainda de acordo com a entidade, com o esgotamento do profissional de saúde, quantidade acima do limite ou abaixo podem ser oferecidas e causar lesões cerebrais no paciente ou até a morte.
Outra denúncia de Amarílis é que os três respiradores mecânicos disponibilizados no Pronto Med, anexo da Santa Casa que atende convênios, estavam sendo utilizados pelos pacientes do SUS. Portanto, o caos também atinge também a ala particular da unidade hospitalar.
O grande uso do ambu é por conta da crescente demanda de pacientes encaminhados para a Santa Casa.
Nesta quarta havia seis respiradores mecânicos em pleno funcionamento. Porém, o MPT encontrou em uma sala quatro deles ociosos em uma sala e outros cinco – sendo três infantis – em outro cômodo trancado.
A justificativa dada pela junta interventora da Santa Casa, é que por problemas estruturais não há ramais completos suficientes para instalação dos equipamentos.
Além disso, o presidente da Junta, Jorge Martins, justificou que a unidade hospitalar foi inaugurada há 30 anos e sua estrutura continua a mesma enquanto que a demanda só aumenta.
O diretor clínico da Santa Casa, Luiz Alberto Kanamura revela que a situação dos ambus chegou anteontem ao MPT, porém o problema vem se arrastando há meses.
“Esta realidade não vai mudar em curto espaço de tempo a não ser que os pacientes não sejam encaminhados para lá. Nós não temos condições”, disse.
A presidente do Siems (Sindicato dos Trabalhadores em Enfermagem de Mato Grosso do Sul), Helena Delgado disse que a preocupação da entidade também é sobre a carga horária dos funcionários por conta do pouco efetivo. Segundo ela, seria necessário a contratação de mais 50 profissionais.
Promessa
O diretor da junta interventora, Jorge Martins disse durante a reunião que medidas serão tomadas nos próximos 45 dias para amenizar os problemas da Santa Casa. O primeiro passo foi abrir uma sindicância interna para ouvir todos envolvidos os denunciantes da situação estrutural do hospital, bem como os denunciados. Todos serão afastados de seus cargos por um tempo.
Jorge Martins disse que os CTI um e três têm seis leitos cada, todos desativados. A medida emergencial é ativar o CTI 1, onde funciona a cardiologia e depois o 3.
Existe ainda o projeto de contratação de profissionais da área de enfermagem. Outra medida reforma e equipamentos para a Uco (unidade Coronariana), o que vai resultar na ativação de mais dez leitos. As contratações temporárias devem acontecer em até 20 dias.
Encaixotados
Enquanto pacientes da Santa Casa podem estar morrendo por falta de respiradores mecânicos e déficit humano, em Nova Andradina dez equipamentos estão encaixotados desde o mês de janeiro quando foi inaugurado o Hospital Regional daquela cidade. A aquisição foi por meio de convênio entre os governos Federal e Estadual para construção da unidade e equipamentos.
Como o hospital de Nova Andradina não possui ainda estrutura para receber os respiradores mecânicos, eles permanecem encaixotados. Existe a possibilidade de um empréstimo pra a Santa Casa de Campo Grande nos próximos dias, mas para isto será preciso “legalizar” trâmites burocráticos para transferência do convênio para a Capital. A possibilidade foi levantada pelo secretário estadual de Saúde em exercício, Eugênio Barros.
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