Vasos de plantas e bromélias estão perdendo o posto de principais vilões da para os criadouros em caixas d?água, tambores, tonéis e poços. A mudança, estampada em estatísticas feitas pelo Ministério da Saúde, indica que, hoje, o combate à doença em algumas regiões depende muito mais das ações de governo do que da simples convocação da população para cuidar da areia nos pratos dos vasos ou fechar os ralos.

Há capitais que, até hoje, têm bairros submetidos a um rodízio de abastecimento d?água, o que serve de incentivo para a população fazer estoque em depósitos nem sempre adequados. O Levantamento Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) de 2010, um mapeamento dos focos do mosquito transmissor da doença em pontos prioritários, revela que capitais de todas as regiões do País – exceto as da Região Sul – registraram um crescimento de criadouros vinculados aos problemas de abastecimento.

Na Região Nordeste, por exemplo, 72% dos focos encontrados estão nos depósitos de água. Na Região Norte, esse perfil se repete: 48% dos criadouros foram encontrados em caixas d?água, tambores, tonéis e poços. Em contrapartida, focos ligados a depósitos domiciliares (vasos e pratos de plantas, ralos, lajes e piscinas) tiveram uma queda em todas as regiões do País – exceto, mais uma vez, na Região Sul. A maior redução foi registrada no Norte. Em 2009, 29,8% dos pontos de infestação estavam nas casas. Em 2010, o índice passou para 22,6%.

A análise dos municípios considerados prioritários para dengue também comprova o impacto de falhas no abastecimento sobre o panorama da doença. Das 40 cidades com alto risco de apresentar epidemia de dengue neste ano, 27 (equivalente a 67,5%) têm como criadouros predominantes lugares relacionados ao abastecimento d?água. E essa situação é encontrada mesmo em cidades do Sudeste, como São Gonçalo, Duque de Caxias e São João do Meriti, todas no Rio de Janeiro.