Exército sírio atacou pacientes em hospitais, diz médico

Um médico em Hama, no oeste da Síria, disse à BBC que as recentes operações do Exército na cidade tiveram um duro efeito nos serviços médicos. O médico, que não quis se identificar por razões de segurança, disse que parte da população se recusa a ir a um dos principais hospitais porque as tropas leais […]

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Um médico em Hama, no oeste da Síria, disse à BBC que as recentes operações do Exército na cidade tiveram um duro efeito nos serviços médicos.

O médico, que não quis se identificar por razões de segurança, disse que parte da população se recusa a ir a um dos principais hospitais porque as tropas leais ao presidente Bashar al-Assad entraram no local e chegaram a ferir médicos e enfermeiras e matar alguns dos pacientes. Também segundo o médico, dois hospitais em Hama foram destruídos durante uma semana de ofensiva do Exército sírio na cidade; outros centros médicos ficaram bastante danificados.

 ‘Um hospital privado teve parte de seus equipamentos destruído por mísseis. As forças de segurança invadiram o hospital, dizendo procurar por armas. Muitos da equipe médica ficaram feridos. Dois hospitais fecharam por conta da destruição’, declarou o médico, agregando que faltam medicamentos e sangue para transfusões.

Na última segunda-feira, a TV estatal da Síria informara que, após dias de ofensiva, o Exército começava a se retirar de Hama por ter ‘completado sua missão na cidade’. A cidade esteve sitiada pelas tropas de Assad, em um cerco que pode ter deixado mais de cem pessoas mortas, de acordo com entidades de defesa dos direitos humanos.

Navios de guerra

Neste domingo, um dos focos de mais forte conflito é a cidade portuária de Latakia, onde, segundo ativistas, manifestantes anti-Assad estão sendo alvejados por navios militares.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, ONG baseada na Grã-Bretanha, diz que ao menos seis pessoas morreram quando munição disparada pelas embarcações de guerra atingiu distritos da cidade.

Os relatos não podem ser confirmados de maneira independente, por causa das restrições ao trabalho jornalístico na Síria. Uma testemunha disse à agência Reuters, por telefone, que era possível ver ‘a silhueta de dois navios atirando contra três bairros’. Vários moradores disseram que estão fugindo da cidade.

Na véspera, outras nove pessoas haviam morrido em ofensivas oficiais em diversas cidades do país, Latakia incluída. Calcula-se que mais de 1,7 mil pessoas tenham sido mortas nos seis meses de levante contra Assad.

Pressão diplomática

Ao mesmo tempo, cresce a pressão diplomática externa para que a Síria contenha a ofensiva contra os manifestantes. A Organização da Cooperação Islâmica, entidade que reúne 57 Estados islâmicos, pediu que a Síria interrompa imediatamente o uso da força contra manifestantes civis. Já o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, emitiu no sábado um comunicado em conjunto com o rei Abdullah, da Arábia Saudita, pedindo o fim da repressão aos cidadãos sírios.

Uma declaração divulgada pela Casa Branca afirma que os dois chefes de Estado expressaram ‘profunda preocupação’ com a situação síria, durante uma conversa por telefone. No entanto, até o momento a impressão é de que o cerco aos manifestantes tem crescido, já que há relatos de presença de tropas pró-Assad em diversas cidades – Hama, Homs, Damasco, Deir al-Zour, Aleppo e Idlib, além de Latakia. Assad atribui os protestos contra seu governo a ‘grupos terroristas’.

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