EUA reconhecem que devem “melhorar” combate à crise
O governo dos Estados Unidos admitiu hoje (6) que o país deve “melhorar” seu desempenho no combate à crise financeira e econômica e pediu união aos dois maiores partidos do país. A declaração do porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, vem um dia após os títulos públicos americanos terem sido rebaixados por uma agência de […]
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O governo dos Estados Unidos admitiu hoje (6) que o país deve “melhorar” seu desempenho no combate à crise financeira e econômica e pediu união aos dois maiores partidos do país. A declaração do porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, vem um dia após os títulos públicos americanos terem sido rebaixados por uma agência de classificação de risco e dias depois de um acordo considerado pouco satisfatório para elevação do teto da dívida, que evitou um calote inédito por parte do governo americano.
Sobre as negociações para o aumento do teto de dívida, aprovado às pressas na última semana no Congresso americano, Carney ressaltou que o acordo demorou muito para ser fechado e causou divisão na classe política do país. O acordo prevê um corte de gastos na ordem de US$ 2,4 trilhões (R$ 3,7 trilhões) e uma elevação no teto da dívida na mesma proporção.
O temor de que os Estados Unidos poderiam estar caminhando para uma longa recessão, além do medo de contágio da crise da dívida soberana da zona do euro, que pode chegar à Espanha e à Itália, causaram turbulência nas bolsas internacionais, que registraram as maiores quedas desde o estouro da crise financeira, em 2008.
Carney disse que os EUA têm agora de “fazer o melhor para deixar claro à nossa nação a capacidade e o compromisso de trabalharmos juntos para enfrentarmos nossos maiores desafios fiscais e econômicos”. A Casa Branca pediu que democratas e republicanos trabalhem juntos para tirar o país da crise.
No relatório publicado ontem (5), a Standard & Poors – que rebaixou a nota da dívida norte-americana – afirmou que o acordo nos Estados Unidos não foi longe o suficiente e que o “embate político” visto nas negociações mostra que “a eficácia, a estabilidade e a previsibilidade das políticas norte-americanos e das instituições políticas se fragilizaram”. A Standard & Poor’s argumenta que o governo americano não conseguiu negociar no Congresso uma forma de reduzir a dívida americana em US$ 4 trilhões ao longo da próxima década.
O rebaixamento dos títulos americanos, o primeiro na história, está sendo visto como um grande constrangimento para a administração de Obama, podendo elevar o custo do endividamento do governo.
O temor de que os Estados Unidos caminhem para nova recessão gerou turbulência nas bolsas de valores. Hoje, a China, o maior detentor mundial de títulos americanos, criticou o país por seu “vício de dívida”. Em um texto opinativo, a agência de notícias estatal Xinhua afirma que a China “tem todo o direito agora de exigir que os Estados Unidos lidem com o seu problema estrutural de dívida e garantam a segurança dos ativos em dólar da China”.
O texto da Xinhua também afirma que já se passou a época em que os Estados Unidos conseguiam tomar empréstimos para se livrar de problemas causados pelos próprios americanos, e sugeriu que uma nova moeda internacional pode surgir para substituir o dólar.
“Supervisão internacional sobre a questão dos dólares americanos deveria ser introduzida e uma nova moeda de reserva global, estável e segura, também pode ser uma opção para evitar uma catástrofe provocada por qualquer país individualmente.”
A reação em outros países foi de cautela. Autoridades no Japão, na Coreia do Sul e Austrália pediram calma aos investidores.
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