Estudo realizado no primeiro semestre deste ano por especialista em treinamento empresarial mostra a razão pela qual tem sido cada vez mais desafiador líderes e empresas motivarem seus funcionários e colaboradores.

Durante cinco meses convivendo com uma amostra de mil pessoas, dividas entre 60% da capital paulistana e 40% do público do Rio Grande do Sul, o grupo analisado foi composto por profissionais ativos, inativos e em transição; iniciantes e aposentados; mulheres e homens, e empresários e colaboradores, com idades variadas entre 23 e 75 anos.

“A finalidade do estudo foi entender com profundidade a atual relação das pessoas com suas vidas, com seus objetivos no trabalho e se estão preparadas para o futuro do Brasil”, afirma Jaqueline Weigel, diretora do Núcleo de Coaching Integração.

Nos trabalhos de desenvolvimento humano e corporativo realizados pela executiva, os indicadores mostraram que o desempenho profissional tem relação direta com as metas pessoais e com os bens intangíveis da empresa, como clima, relações interpessoais, cultura e conhecimento.

A avaliação mostrou que 32% das pessoas apontam os medos como maiores obstáculos, 29% buscam por segurança ou garantias, 19% se apresentam acomodados, 11% responsabilizam outras pessoas, e 9% a necessidade de serem controladoras.

Sobre objetivos de médio e longo prazo, 33% declaram que não os têm, 32,5% não os têm de forma clara, 15% nunca pensou em prazo tão longo, somente 13,5% da amostra tem objetivos para 10 ou 20 anos de forma clara e definida, e 6% não responderam a pesquisa.

No entanto, o estudo também revela que 68% declaram-se felizes no momento atual, 29% parcialmente felizes e somente 3% demonstraram um alto grau de infelicidade ou insatisfação.

“Percebemos que o brasileiro está feliz, até mesmo eufórico, mas ao mesmo tempo perdido e despreparado para o crescimento do País”, ressalta Weigel.

Para a especialista, declarar felicidade e satisfação abundante sem ter objetivos claros é efêmero e não sustentável. “Pessoas não foram ensinadas a criarem metas tangíveis, formatas e claras, então tem anseios abstratos, como ter saúde, paz, usar o potencial, ser feliz ou a mais simples e rasa de todas: ganhar dinheiro. Essas pessoas não treinadas para serem conquistadores de sonhos, ou sequer de construir uma obra, um legado, passam a não ser capazes de responder perguntas básicas como quem é você, qual é seu sonho e porque ele é importante para você?”, reflete Weigel.

“Então, o profissional nessa situação pede aumento, só reclama ou troca de trabalho”, avalia.
Segundo a executiva, a consequência disso é uma evolução mediana, aquém do que poderia ter sido, e a empresa absorve toda essa cadeia de frustrações sem saber como lidar com o assunto.

“Tudo isso, obviamente, estende-se para a carreira, que é um dos principais capítulos da vida pessoal. Sem um plano de vida estruturado, o plano profissional de sucesso encontra dificuldades, porque o profissional busca sucesso, mas não sabe exatamente o que é isso, o que torna a procura vazia e qualquer empresa ou profissão insuficientes para atender a demanda interna”, diz a executiva.

De acordo com Jaqueline Weigel, as pessoas precisam aprender a refletir, planejar e somente depois agir. “Hoje, fazemos o contrário e isso gera desperdício e vazio”, lembra. Para ela, as empresas precisam entender quem é o ser humano em sua natureza mais profunda. Sem isso, planos de carreira, remunerações, benefícios, projetos não serão o suficiente para gerenciar, motivar e mobilizar pessoas pelos resultados. “Contratar, medir, comandar e controlar, punir ou bonificar já se sabe que são estratégias insuficientes para o sucesso a longo prazo”, enfatiza.

Segundo a diretora, o coaching entra como uma ferramenta poderosa para deixar vir à tona todo esse potencial, porque tem como base a natureza humana, numa abordagem mais profunda.