Escândalo e prisões alteram panorama político de Campinas

A operação da Rota que prendeu empresários e integrantes do governo municipal na sexta-feira (20), inclusive sul-mato-grossenses, e que deixou o 20 de maio na história de Campinas, altera o panorama político na cidade, já com reflexo nas eleições do próximo ano. “Abre espaço para candidaturas alternativas”, adianta o cientista político Valeriano Costa, da Unicamp. […]

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A operação da Rota que prendeu empresários e integrantes do governo municipal na sexta-feira (20), inclusive sul-mato-grossenses, e que deixou o 20 de maio na história de Campinas, altera o panorama político na cidade, já com reflexo nas eleições do próximo ano. “Abre espaço para candidaturas alternativas”, adianta o cientista político Valeriano Costa, da Unicamp.

A política que virou caso de polícia na cidade coloca em xeque a força de dois dos principais partidos da cidade: o PDT, presidido pelo prefeito Hélio de Oliveira Santos, e do PT, do vice-prefeito tido como foragido, Demétrio Vilagra. Para o cientista, a coligação já estava desgastada antes mesmo das denúncias sobre o possível envolvimento do primeiro escalão do governo em fraudes nos contratos públicos – o PDT por não encontrar um nome forte como o do Dr Hélio para a sucessão, e o PT por estar sem um líder desde a morte do prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho, em 2001.

“O cenário já era de total desmontagem do cenário anterior. Isso (o escândalo no governo) foi uma pá de cal”, afirma Costa. O especialista acredita que serão necessários ao menos dois meses para ver que rumo vai tomar a crise e, consequentemente, a composição para as eleições de 2012. É o “período que de assentamento da poeira”.

Silêncio e esperança

O prefeito optou pelo silêncio diante da gravidade da situação do governo e do cenário político. Seu secretário de Segurança, Carlos Henrique Pinto, era, até então, o número um da lista do partido para se candidatar à sucessão. Agora está foragido. O vereador Aurélio Claudio, vice-presidente do PDT, disse ao EP Campinas ainda na sexta-feira que “naturalmente o partido vai ser atingido”. Mas, apesar de considerar o fato (prisões) comprometedor, afirma que não é suficiente para inviabilizar os outros dois nomes da legenda na corrida à prefeitura: o dele próprio e o do presidente da Câmara, Serafim Júnior.

Uso político dos fatos

O PT também reagiu para não perder forças na cidade. Por meio de nota divulgada ainda na sexta-feira, os presidentes dos diretórios municipal, Ari Fernandes, e estadual, Edinho Silva, saíram em defesa de Vilagra. Afirmam que o partido não tomou conhecimento das denúncias e que confiam na idoneidade de seu correligionário. Ao lado de Sebastião Arcanjo, secretário de Trabalho e Renda, o vice-prefeito é a principal aposta petista para candidatura própria em Campinas.

Neste sábado, em nova nota, o PT e mais oito partidos da base aliada do Dr Hélio, foram mais duros. Afirmam que as prisões que mobilizaram a cidade no dia anterior “é uma tentativa de desestabilizar a administração municipal… claramente motivados por interesses de cunho político e imediatamente explorados de forma oportunista por políticos com ambições eleitorais”.

Pesos e medidas

Apesar do apoio oficial dos partidos, o EP Campinas apurou que, ainda na sexta-feira, quatro vereadores da base aliada já estavam propensos a mudar suas posições. Para o cientista político, um comportamento natural diante do desgaste dos acontecimentos e do calendário político. “Os vereadores precisam construir suas candidaturas para 2012”, diz Valeriano Costa.

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