O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) entrou em acordo nesta quarta-feira (28) com os sindicatos da categoria sobre as propostas de aumento salarial de 6,5% para os aeroviários e de reajuste de 10% no piso da categoria. Participaram desta reunião o Sindicato Nacional dos Aeronautas e os sindicatos dos aeroviários de Porto Alegre, Manaus e Rio de Janeiro, entre outras cidades.

As partes chegaram a um acordo em reunião na sede do Snea, no Rio de Janeiro, na qual patrões e funcionários assinaram uma convenção coletiva de trabalho. As informações foram confirmadas pelo grupo patronal.

As mudanças serão oficializadas na próxima assembleia do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas. Segundo o órgão, falta apenas o posicionamento da representação do Snea em São Paulo.

Na versão do grupo patronal, a aprovação dos reajustes (que foram sugeridos pelo Ministério do Trabalho) afastam a possibilidade de greve. O Snea não confirmou qual representação dos aeroviários participou da reunião.

Porém, de acordo com o Sindicato Nacional dos Aeroviários, a convenção assinada hoje não inclui os trabalhadores que estão em estado de greve, isto é, o grupo ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

“Nós não participamos dessa reunião. Faremos uma assembleia na noite desta quarta-feira para discutir o assunto com os trabalhadores. Se houver aprovação, conversaremos com o Snea”, disse o secretário-geral do sindicato, Marcelo Schmidt.

Segundo o líder sindical, se os trabalhadores aceitarem a proposta de aumento salarial de 6,5% e reajuste de 10% no piso da categoria, é possível que o impasse seja resolvido definitivamente nesta quinta-feira (29). Schmidt afirmou ao UOL Notícias que a “relação de forças não possibilita um enfrentamento neste momento”.

Como não há uma unidade nacional na categoria, formaram-se negociações separadas com o sindicato patronal. Na semana passada, os aeronautas (funcionários que trabalham embarcados) já tinham descartado uma paralisação. Eles aceitaram o mesmo percentual de aumento salarial: 6,5%.

As negociações entre as empresas aéreas e a categoria vinham se arrastando desde setembro. A proposta dos funcionários era a de 7% de aumento salarial -os trabalhadores começaram as reivindicações pedindo 13%.

Além da questão do reajuste salarial, o principal ponto de divergência entre o grupo patronal e os aeroviários eram o piso a ser pago aos funcionários (R$ 1.100) -muitas vezes terceirizados, que trabalham no solo.

Prejuízos

A greve do grupo de aeroviários não causou um caos aéreo, já que o movimento ficou esvaziado pelo acordo com os aeronautas e, consequentemente, pequenas paralisações foram registradas antes do Natal.

A maior paralisação aconteceu na última quinta-feira (22), quando aeroviários causaram problemas nos voos no período da manhã no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Das 200 partidas previstas para decolar até as 19h, 92 tiveram atrasos de mais de meia hora, segundo boletim divulgado pela Infraero (estatal que administra os aeroportos), o que representa 46%.

Também na semana passada o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), João Oreste Dalazen, determinou que pelo menos 80% dos aeronautas e aeroviários (que trabalham em terra) estivessem em seus postos de trabalho nos dias que antecedem os feriados de Natal e Ano Novo. Ou seja, apenas 20% dos trabalhadores poderiam parar nos dias 29, 30 e 31 de dezembro.

Os aeroportos que estavam ameaçados por um potencial Estado de greve eram Congonhas, Cumbica, Brasília, Belo Horizonte, Galeão e Santos Dumont, entre outros.