Em Três Lagoas, pecuaristas reclamam de estradas intransitáveis apesar do Fundersul
Criadores de gado e plantadores de grãos têm que submeter aos perigos dos areais e das crateras pela MS-320 para poderem escoar a produção e questionam a aplicação dos recursos oriundos do Fundersul.
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Criadores de gado e plantadores de grãos têm que submeter aos perigos dos areais e das crateras pela MS-320 para poderem escoar a produção e questionam a aplicação dos recursos oriundos do Fundersul.
Extensos areais, crateras profundas, pedras
pontiagudas. Percorrer a MS-320, uma das principais vias para escoamento da
produção de grãos e gado do nordeste de Mato Grosso do Sul, é aventurar-se no
perigo. Em meio a carros e caminhões quebrados, pecuaristas e agricultores questionam
o destino dos recursos arrecadados com o Fundo de Desenvolvimento do Sistema
Rodoviário de MS (Fundersul) – calculado sobre o transporte de animais, da
produção agrícola e de combustíveis e derivados de petróleo.
Para Cláudio Totó Garcia de Souza, pecuarista na
região do Alto Sucuriú, morador de Três Lagoas, ira até a fazenda virou viagem
longa, cansativa e com custo alto. “A estrada nunca esteve tão ruim. Perdi a
conta de quantos carros quebrei tentando chegar à propriedade. Antes, eu
percorria os 140 quilômetros até a sede. Agora uma das opções com, no mínimo,
100 quilômetros a mais, para não ficar na estrada, é ir de Três Lagoas até Água
Clara e voltar pela MS-377, até a entrada do Alto Sucuriú, que vai até o
município de Paraíso”, desabafa o produtor rural.
Para Cláudio Totó, os impostos que paga pelo
Fundersul não estão sendo aplicados para melhorar as rodovias que ele utiliza.
“Nós que pertencemos a esta região e lutamos para aprimorar a produção, nos
sentimos esquecidos pelo Governo do Estado, tal como a principal rota para
escoamento de nossa produção. E mesmo assim continuamos pagando todos os
impostos que nos cobram”, questiona.
Necessidade
O presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas,
Domingos Martins de Souza, alega que, por diversas vezes, entrou em contato com
a Agência Estadual de Gestão de Empreendimento (Agesul) e expôs a situação da
MS-320. Porém não obteve resposta.
“Todos os dias têm pecuarista ou agricultor que nos
procura para reclamar da situação da estrada. Não estamos nem pedindo asfalto
ao Governo, mas sim que pelo menos a torne transitável, pelo que pagam pelo
Fundersul”, exclama o presidente do sindicato.
Segundo Domingos, a ligação de Três Lagoas com o
município de Paraíso, um dos maiores produtores de grãos do Estado, é de
extrema necessidade. “Temos aqui a Cargil, grande processadora de grãos. A
industrialização da safra não teria que percorrer longas distâncias, o que
geraria economia em todas as fases da produção. Além de que, Três Lagoas é
porta de saída para os portos de Paranaguá e Santos”, explica.
Atrasos e
perdas
Buscar gado para levar ao frigorífico, em caminhão
boiadeiro, na Fazenda Santo Antonio do Pontal, pertencente a Luis Antonio
Guerra, a 100 quilômetros de Três Lagoas, demora, em média, quatro a cinco
horas.
Para esse pecuarista, a comercialização do gado se
torna cada vez mais onerosa e com pouca lucratividade diante da ineficiência do
Poder Público Estadual.
“Temos que vacinar, zelar e alimentar o gado.
Quando é o momento de vendermos para que tenhamos, pelo menos, um lucro
compatível com o trabalho que isso dá, nos deparamos com a estrada intransitável
para que o animal chegue inteiro até o frigorífico”, confere.
De acordo com Luís, a perda começa com o sacolejar
das reses no caminhão.
“Agora é momento em que os pecuaristas vendem o
gado para evitarem animais em demasia no pasto na época da seca, que começa em
junho. Entretanto, como a estrada está nestas péssimas condições, as reses se
machucam pelo caminho, em meio aos buracos e areais que o caminhão tem que atravessar.
Todos os ferimentos na carne são descartados pelo frigorífico. Não tenho como
mensurar o valor dos prejuízos”, aponta o pecuarista.
Última
manutenção: agosto/2010
O pecuarista conta que no ano passado, em meio à
seca, fizeram uma pequena manutenção na MS-320. “Porém não resolveu, pois logo
vieram as chuvas e acabaram com toda a estrada”.
Ainda segundo Luis Guerra, os trabalhadores da
Agesul informaram que tinham que utilizar a verba que havia vindo para isso.
“Eles ainda disseram que o Governo não iria gastar mais nada até março, porém
já estamos em maio e ninguém veio depois disso. É duro pagar o Fundersul e ter
estrada assim”, completa.
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