Economistas preveem redução do déficit em transações correntes nos próximos anos

A economia aquecida e o dólar em baixa fazem com que mais turistas brasileiros visitem outros países e as empresas importem mais produtos, remetam mais dinheiro para fora do Brasil e usem mais serviços de transportes e aluguel de equipamentos no exterior. Esse cenário faz com que as transações correntes, registro de trocas de bens, […]

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A economia aquecida e o dólar em baixa fazem com que mais turistas brasileiros visitem outros países e as empresas importem mais produtos, remetam mais dinheiro para fora do Brasil e usem mais serviços de transportes e aluguel de equipamentos no exterior. Esse cenário faz com que as transações correntes, registro de trocas de bens, rendas e serviços do Brasil com o exterior, tenha um resultado negativo maior.

“À medida que a economia brasileira cresce de forma permanente, a tendência é importar mais, porque você tem que dar suporte a esse crescimento. Seja na forma de máquinas e equipamentos ou em serviços importados”, diz o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Rogério Sobreira.

De janeiro a março deste ano, o déficit em transações correntes ficou em U$S 14,631 bilhões, contra US$ 11,949 bilhões registrados em igual período de 2010, segundo dados do Banco Central (BC). Em todo o ano passado, o saldo negativo foi de R$ 47,365 bilhões, o que representou 2,27% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB). A previsão do mercado financeiro e do Banco Central é que, neste ano, o déficit fique em R$ 60 bilhões ou 2,56% do PIB.

Apesar dessa elevação, especialistas acreditam que o déficit em transações correntes, registro de trocas de bens, rendas e serviços do Brasil com o exterior, deve se estabilizar nos próximos anos, e não gera maiores preocupações.

Para o economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, o déficit deve ficar entre 2,5% e 3% do PIB, soma de todas as riquezas produzidas no país, em média, nos próximos quatro anos. “Como proporção do PIB, o déficit está se estabilizando desde meados de 2010. É uma dinâmica um pouco diferente da que a gente viu depois da crise [financeira internacional] quando esse déficit como proporção do PIB aumentou rapidamente”, afirma.

O Brasil chegou a registrar superávit em transações correntes de 2003 a 2007, mas a partir de 2008 (déficit de 1,71% do PIB) passou a apresentar resultados negativos. Em 2009, o déficit foi de 1,52%, subindo para 2,27% do PIB no ano passado.

Segundo Borges, a estabilidade no déficit para os próximos anos é esperada porque a economia brasileira (PIB) não deve mais crescer acima da média do mundo, como ocorreu no ano passado.

Para o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) Carlos Eduardo Soares Gonçalves, o déficit em conta-corrente “não é o demônio que parece ser”. Isso porque ele pode estar relacionado a investimentos ou ao rombo das contas públicas. Mas, neste momento, segundo análise de Gonçalves, os recursos externos estão indo para investimentos. “Hoje no Brasil o investimento está crescendo e vai precisar crescer ainda mais com obras para eventos esportivos e o pré-sal”, avaliou Gonçalves.

Para financiar esse déficit, o Brasil precisa receber recursos do exterior. Assim, entram no país tanto investimento em carteira (ações e títulos de renda fixa) quanto investimento estrangeiro direto, que vai para o setor produtivo da economia. “Ainda dá pra fechar a conta sem se valer profundamente de capitais especulativo (investimento em carteira). Enquanto essa equação permanecer, a gente não tem problema de estabilidade do balanço de pagamento”, acrescentou Sobreira.

O economista Bráulio Borges lembrou que o governou adotou medida para evitar excesso de entrada de capital volátil. “É bom que venha também investimento em carteira no Brasil. Mas tem que controlar o exagero que a gente via no final de 2009 e começo de 2010”, disse ele.

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