O dólar fechou em queda frente ao real pelo terceiro dia consecutivo nesta terça-feira (22) devido aos contínuos ingressos de recursos ao país. A expectativa de medidas sobre o câmbio, porém, impediram uma desvalorização mais acentuada.

A moeda norte-americana recuou 0,23%, a R$ 1,661 na compra e a R$ 1,663 na venda. Com isso, o dólar acumula queda de 0,42% na semana. No mês, porém, a cotação está estável.

“Nosso mercado continua recebendo entradas de capital. Isso faz com que o dólar caia aqui”, comentou Julio Hegedus, economista-chefe da Interbolsa do Brasil.

Segundo números mais recentes do BC, o fluxo cambial nas duas primeiras semanas de março ficou positivo em US$ 7,429 bilhões. Considerando o ano, o superávit é ainda maior: US$ 30,361 bilhões. Na quarta-feira, o BC divulga dados atualizados.

Profissionais atribuem tais números principalmente à elevada taxa de juros –11,75% ao ano — e à estabilidade econômica brasileira.

A menor apreensão com os impactos econômicos do desastre que se abateu sobre o Japão também esteve na pauta, de acordo com Hegedus, citando a relativa “tranquilidade” nos mercados financeiros globais.

Apesar de as bolsas de valores em Nova York registrarem leve queda, o índice de volatilidade da CBOE –termômetro do nervosismo de Nova York — caía e aproximava-se dos níveis observados antes do terremoto no Japão e da turbulência no mundo árabe.

Para Victor Asdourian, operador de câmbio da Hencorp Commcor Corretora, a queda da moeda norte-americana só não foi maior porque o mercado ainda está na defensiva quanto à possibilidade de o governo anunciar medidas sobre o câmbio.

“O mercado está de olho”, resumiu Asdourian, mesmo após fontes dizerem que, por ora, as autoridades decidiram abandonar o anúncio de ações para conter a recente escalada do real devido às incertezas provocadas pelo desastre no Japão.

Mas, neste pregão, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que a autoridade monetária continuará agindo para evitar problemas decorrentes de excesso de capital, visando coibir desequilíbrios no câmbio .

“Continuamos apostando que o dólar oscilará entre R$ 1,65 e R$ 1,75. O governo continua com um discurso contra a apreciação do real e parece pronto para anunciar uma série de novas medidas para controlar os ganhos da moeda local”, afirmaram os analistas do Barclays Capital, em relatório.