O dólar fechou em alta nesta quinta-feira (10), reflexo da menor apreensão de investidores sobre um eventual anúncio de novas medidas no câmbio, após a meda registrar na véspera a maior valorização diária desde janeiro.

A divisa dos Estados Unidos subiu 0,24%, a R$ 1,661 na venda, desacelerando na comparação com a valorização de 0,72% registrada na quarta-feira.

No acumulado da semana – mesmo com o feriado de carnaval no meio do caminho – a moeda acumula valorização de 0,97%. A alta se deve, em parte, porque, na última sexta-feira (4), a moeda fechou na menor cotação desde agosto de 2008.

“Acredito que vai vir algo ‘mais do mesmo’. Podem elevar o compulsório, mas outras medidas mais drásticas acho que não”, afirmou Julio Hegedus, economista-chefe da Interbolsa do Brasil.

Até o fechamento das operações locais, o governo não havia feito nenhum anúncio sobre a implementação de novas ações para conter a escalada do real ante o dólar.

A expectativa tem se mantido desde a última sexta-feira, quando, após o fechamento dos mercados, uma fonte do Ministério da Fazenda disse que as autoridades estavam planejando o anúncio de medidas sobre o câmbio para depois do carnaval.

“Não vemos as autoridades agindo agressivamente para desvalorizar o real”, escreveram os analistas do departamento de câmbio para mercados emergentes do banco francês BNP Paribas.

Taxa de juros

Para Hegedus, é “difícil” tentar conter a queda da moeda norte-americana diante do juro oferecido pelo Brasil, fator intensificado pela abundância de liquidez no mercado internacional. “O diferencial de juros é muito grande e estimula mais ingressos de recursos. É fato”, acrescentou.

A Selic recentemente foi elevada a 11,75% ao ano, bem acima, por exemplo, da taxa de juros praticada nos Estados Unidos (entre zero e 0,25%) e na zona do euro (1%).

Sobre fluxo, aliás, o Banco Central informou mais cedo que as entradas superaram as saídas em US$ 1,424 bilhão em março até o dia 4, enquanto em fevereiro o superávit ficou em US$ 7,419 bilhões.

No ano, o saldo positivo é de US$ 24,356 bilhões, superando por pouco todo o ingresso líquido acumulado no ano passado, de US$ 24,354 bilhões.

Marcos Trabbold, operador de câmbio da B&T Corretora, lembrou ainda que o cenário externo negativo contribuiu, embora de forma limitada, para a alta do dólar.

“Está tudo ruim hoje. O clima nas bolsas está bem negativo e isso, de certa maneira, acaba tendo impacto sobre o dólar.”

O viés negativo decorria de dados ruins na China e nos Estados Unidos, bem como do rebaixamento do rating soberano espanhol pela agência de classificação de risco Moody’s.