O dólar comercial abriu o dia em alta de 0,30%, negociado a R$ 1,665 no mercado interbancário de câmbio. No pregão de ontem, a moeda americana recuou 0,36% e foi cotada a R$ 1,66 no fechamento. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar à vista abriu em alta de 0,27%, a R$ 1,6643.

O dólar amanheceu com força no mercado internacional, o que levou os operadores no Brasil a se prepararem para um ajuste de alta no valor da moeda americana em relação ao real. Os fatores internos, no entanto, não permitem que os investidores apostem em grandes recuperações do dólar. A avaliação ainda é de que os fluxos de recursos seguirão favoráveis ao País.

Os cortes no Orçamento divulgados ontem, por exemplo, sinalizam para a menor necessidade de altas nos juros, o que poderia moderar o apetite por investimentos no Brasil, mas reforçam os bons fundamentos do País, o que seria um fator a realimentar as boas perspectivas para os investimentos.

Vale ressaltar que, mesmo após um fluxo cambial positivo de US$ 15,5 bilhões em janeiro, com cerca de US$ 14 bilhões vindos do segmento financeiro, as captações corporativas estão tendo continuidade neste início de fevereiro, ainda que em ritmo menor. No último dia 7, por exemplo, somente o banco Votorantim captou US$ 750 milhões.

Esse movimento sobrevive a despeito da avaliação de que estaria em curso um ajuste das posições de investidores internacionais em países emergentes. Aos poucos, estão surgindo comentários entre os analistas estrangeiros destacando o nível baixo dos prêmios de risco dos países emergentes. Isso, associado à melhora na percepção sobre a recuperação dos países desenvolvidos, mereceria uma readequação dos portfólios, com prejuízos para os emergentes.

“Os mercados de ações da América Latina, particularmente o do Brasil, estão vivendo um momento de saída de capitais. Acho que as pessoas estão começando a ficar nervosas quanto ao nível dos spreads de risco na América Latina”, comentou ontem o chefe de pesquisa sobre renda fixa na América Latina da IdeaGlobal, Enrique Alvarez.

Mas os operadores hesitam em falar de saída de capitais. A percepção, até agora, ainda é de saldo amplamente positivo, incluindo os fluxos de investimentos de portfólio. “Ainda não há uma avaliação clara se os estrangeiros estão deixando a Bolsa e comprando dólares ou se os recursos estão rodando por aqui”, disse um operador. Segundo a BM&FBovespa, em fevereiro até o dia 7, o saldo de capital externo na Bolsa era negativo em R$ 844,645 milhões. No ano, o saldo de capital externo na Bovespa estava negativo em R$ 443,237 milhões.