Documentário retrata cotidiano dos ribeirinhos do Pantanal de Corumbá
Um vídeo documentário que relata um pouco da realidade vivida pelos ribeirinhos da região do Pantanal sul- mato-grossense foi lançado, na última semana, pela Embrapa Pantanal. Por meio de depoimentos dos próprios ribeirinhos, são narradas as dificuldades encontradas no dia a dia da vida de pescador, os anseios e desejos deste povo que vive ao […]
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Um vídeo documentário que relata um pouco da realidade vivida pelos ribeirinhos da região do Pantanal sul- mato-grossense foi lançado, na última semana, pela Embrapa Pantanal. Por meio de depoimentos dos próprios ribeirinhos, são narradas as dificuldades encontradas no dia a dia da vida de pescador, os anseios e desejos deste povo que vive ao longo do Rio Paraguai, em Mato Grosso do Sul.
O Vídeo “Pescadores Profissionais Artesanais do Pantanal Sul Matrogrossense” é resultado de um projeto iniciado em 2007 por um grupo de pesquisadores da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), que reuniu informações relativas a vida dos pescadores artesanais no Pantanal: como vivem e como estão inseridos na conservação do meio ambiente. Os dados foram coletados nas comunidades localizadas do Porto da Manga até a Barra do São Lourenço.
Segundo a pesquisadora responsável pelo projeto, Cristhiane da Graça Amâncio, o vídeo é uma forma de apresentar para os pescadores os resultados obtidos durante esses anos de pesquisa: “foi escolhido apresentar as informações em vídeo por ser um formato simples, de linguagem direta, clara e de fácil compreensão por parte dos ribeirinhos. O que percebemos, durante as apresentações, foi uma grande identificação com o que foi mostrado no filme, as queixas ali apresentadas são realmente as vividas por estas comunidades”, explica Cristhiane.
No vídeo são tratados temas relacionados ao preço das iscas praticados pelos ribeirinhos e atravessadores, as mudanças ambientais observadas pelos ribeirinhos ao longo do leito do rio, além de questões como os impactos causados pela criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) nessas comunidades pantaneiras, entre outros assuntos.
Porto da Manga
A primeira exibição do vídeo foi realizada para um grupo de pescadores do Porto da Manga, no dia 26 de maio, na “Escola Municipal de Extensão Porto da Manga”, onde além de assistirem o vídeo, os presentes puderam debater temas e levantar questões existentes que, em muitos casos, ficam restritas apenas a comunidade.
O pescador Ramão Arruda, que vive no Porto da Manga há mais de 25 anos, elogiou a iniciativa da elaboração de um vídeo que documente os problemas enfrentados por eles: ” ficamos muito felizes pois pelo menos vemos que existem pessoas que se importam com quem vive na beira do rio. Nós estamos aqui todos os dias, e não apenas retiramos nosso sustento das águas deste rio, mas cuidamos deste lugar também. É bom que as pessoas saibam disso”, completou Ramão.
Auditório Águas do Pantanal
No dia 27 de maio foi a vez de representantes de outras comunidades ribeirinhas, e de órgão públicos federais, estaduais, municipais e de instituições ligadas ao meio ambiente e que atuam na região participarem do lançamento do vídeo. Durante a abertura do evento, os componentes da mesa fizeram uma breve consideração sobre temas relacionados ao homem x natureza. A chefe geral da Embrapa Pantanal, Emiko Resende destacou a importância de pesquisas e estudos na área ambiental para subsidiar políticas públicas sustentáveis para a região do Pantanal.
Já o procurador da República Wilson Rocha Assis chamou atenção para os modelos de preservação ambiental, que segundo ele são divididos em duas categorias: uma em que não há espaço para o homem, e outra que reconhece o espaço para que ele possa plantar, viver e pescar, preservando o seu direto de usufruir da natureza: “No vídeo observamos uma queixa muito grande por parte dos pescadores em relação as Reservas instaladas no Pantanal. Existem vícios de ilegalidade na criação de algumas RPPNs na região, pois durante processo de criação não foi observado o direito de consulta informada das comunidades tradicionais, ferindo assim a Convenção 169 da OIT “, completou o procurador.
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