Hoje, dia 21 de março, é celebrado o Dia Internacional contra a Discriminação Racial. Instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data foi escolhida em alusão ao Massacre de Shaperville. Na ocasião, em 1960, cerca de 20 mil pessoas realizavam uma passeata em Joanesburgo (África do Sul) quando a polícia do regime de apartheid abriu fogo sobre a multidão, resultando em 69 mortos e 186 feridos.

“Esse dia é um ganho, uma valorização da cultura brasileira. Hoje estamos em uma luta contínua contra a discriminação e as políticas públicas têm que levar em consideração as pessoas de etnias diferentes. O é ruim para a sociedade”, aponta Carlos Alberto Versoza, professor de história da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e membro-conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine).

Um caso emblemático envolvendo racismo aconteceu em dezembro de 2007. O comerciante Geraldo Francisco Lessa matou com um tiro Anderson da Silva, então com 20 anos, por desaprovar o relacionamento do jovem com sua sobrinha Eunice Zeli. A família da vítima sustentava que Geraldo teria praticado o crime por racismo, e relatou que Anderson foi xingado de “negro, pobre e vagabundo” antes de morrer.

“Recebemos muito bem a condenação [do autor], pois o caso estava meio parado. O ruim é que o racismo entrou apenas como um agravante. Hoje, o racismo ‘dá’ apenas 2 anos. Já o assassinato é até 30”, aponta o professor. “Casos como esses são comuns. Muitas pessoas se acham no direito de julgar o outro pela cor da pele. O problema é que muitas pessoas se omitem. Se a pessoa for discriminada, tem que denunciar, conhecer seus direitos e correr atrás deles”, .

Apesar de a data ser comemorativa, o Cedine não irá realizar nenhum evento alusivo “por falta de verbas”. Versoza diz que o conselho irá apenas apoiar eventos que serão realizados em escolas. Amanhã, por exemplo, alunos do Colégio Joaquim Murtinho, no centro de Campo Grande, realizarão algumas atividades em comemoração ao dia.