O arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, d. Murilo Krieger, conta com a presença de 70 mil fiéis e devotos, para a beatificação de Irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia, no próximo dia 22. Essa é a capacidade máxima do Parque de Exposições da capital baiana, onde se realizará a cerimônia.

“Prevemos, pelos ingressos distribuídos, que o público ocupará todos os lugares disponíveis, e seria complicado para a cidade, se comparecesse mais gente”, advertiu d. Murilo. Os organizadores estão pedindo que as pessoas deixem os carros em casa e utilizem ônibus para chegar ao local.

Por delegação do papa Bento XVI, a beatificação será presidida pelo cardeal d. Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito, que deixou o governo da Arquidiocese de Salvador em março. Foi ele quem levou a causa de beatificação adiante, após a iniciativa inicial de seu predecessor, cardeal d. Lucas Moreira Neves, cinco anos a morte da freira, falecida em 1992.

“Há uma expectativa curiosa na Bahia, porque muita gente conheceu Irmã Dulce e colaborou com na admirável obra que ela deixou”, observou d. Murilo. “Eu não a conheci pessoalmente, mas, seguindo o Evangelho, conheço a nova beata brasileira pelos bons frutos”, acrescentou.

Na avaliação do arcebispo primaz, Irmã Dulce deixou uma herança pesada que a sobrinha dela, Maria Rita, está administrando. “O hospital que Irmã Dulce fundou têm uma despesa de R$ 500 mil por dia”, informou d. Murilo. Os recursos vêm de convênios com o governo, de doações e do trabalho de voluntários. “Irmã Dulce se cercou de pessoas bem preparadas que a ajudaram muito”, disse o arcebispo.

A 49ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que se reuniu nos últimos dez dias em Aparecida, divulgou uma nota sobre a beatificação, na qual exaltou as virtudes e a obra de Irmã Dulce. Diz um trecho do texto aprovado pelos bispos:

“Dignou-se Deus chamar a jovem Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes para um serviço especial junto ao seu povo, em particular os pobres, os doentes, e também pessoas rejeitadas por serem portadoras de necessidades especiais…No hospital, em contato mais próximo com os doentes, intensificou no seu coração os clamores dos pobres sofredores inteiramente desamparados, a maioria dos quais sem qualquer tipo de assistência”.

D.Murilo revelou que muitos bispos o procuraram, durante a assembleia geral da CNNB, para dizer que gostariam de assistir à beatificação, mas que isso não seria possível, por estarem há muito tempo fora das suas dioceses. Ele acredita que os bispos das dioceses da Bahia e de Estados vizinhos estarão presentes, além de algumas centenas de padres e freiras. Irmã Dulce nasceu e morreu em Salvador, onde passou toda a vida, com exceção de breve período em que fez o noviciado em Sergipe, ao entrar na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.