Na manhã desta quarta-feira (28), a Câmara Municipal de Campo Grande realizou Audiência Pública para discutir a polêmica instalação do Presídio de Regime Aberto, na Vila Sobrinho. O evento foi solicitado pelos moradores

Na manhã desta quarta-feira (28), a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Campo Grande realizou uma Audiência Pública para discutir a polêmica instalação do Presídio de Regime Aberto, na Vila Sobrinho. O evento foi solicitado pelos moradores do Residencial Flamingos e diferentes bairros daquela região, como Vila Planalto, Vila Popular, Lar dos Trabalhadores, entre outros.

“Esse foi um ‘presente de grego’ que ganhamos das autoridades. Como se não bastassem o Sambódromo e os eventos na Praça do Papa, agora esse presídio pra tirar o sossego dos moradores”, desabafou Carlito Chermont, morador do Residencial Flamingos há 13 anos. Pai de dois filhos, o professor de Educação Física disse ainda que, por ali, inúmeras pessoas, na maioria idosos, costumam caminhar na Praça do Papa e que todos estariam inseguros com o novo prédio.

A sessão recebeu cerca de 30 moradores e alguns líderes comunitários tiveram três minutos para falar sobre o assunto. “Nosso bairro se desenvolveu bastante, esperamos outras melhorias e não um presídio ao lado de nossas casas. A desculpa das autoridades é que o Presídio está localizado na região de duas delegacias (Polícias Civil e Federal). Mas os agentes não vão ficar fiscalizando nem seguindo esses detentos”, disse Lauro Zinermann. Ele lembra que não é morador do Residencial, mas reside há mais de 20 anos ali perto, na Vila Sobrinho.

Segundo Zinermann, vendedor autônomo de 67 anos, recentemente (entre 10 e 15 dias) já soube de duas pessoas que foram assaltadas enquanto caminhavam na Praça do Papa. “A gente não pode culpar os presos, mas é muito mais difícil pra quem mora por aqui. Nossa segurança está bem comprometida”.

O prédio para abrigar os detentos em Regime Aberto foi inaugurado no último dia 14 (09). A vereadora Professora Rose disse que a população contribui com muitos impostos e espera benefícios, mas não a instalação de Presídios no bairro. “Eu também, juntamente com os moradores, não concordo com essa decisão. As pessoas nem sequer foram comunicados sobre o funcionamento do novo prédio”, falou a vereadora.

O Residencial Flamingos tem 704 apartamentos e conta com mais de 3 mil moradores. “Solicitamos a remoção imediata desse Presídio. A gente ficou sabendo através da mídia, tudo foi feito na ‘surdina’, em segredo. Montamos uma comissão e realizamos abaixo assinado e vamos continuar a mobilização”, resumo do discurso de Cida Felske, a Síndica do Residencial Flamingos, que é também uma das lideranças que encabeçam a luta para a retirada do Presídio.

Audiência Pública com Sejusp hoje à tarde

Nesse embate, de concreto, os moradores já conseguiram uma reunião com o Secretário de Justiça e Segurança Pública, Vantuir Jacini, que será realizada às 15h30 desta quarta (28), na sede da Secretaria, no Parque dos Poderes.

A reclamação dos moradores é unânime em relação à instalação do Presídio na região. Os vereadores que formam a Mesa Diretora também se posicionaram contra a decisão. “Não vou ser hipócrita. Se fosse perto da minha casa, eu também não ia gostar. As pessoas estão se sentindo penalizadas, com medo de sair de casa e tendo que fechar os comércios mais cedo”, comentou Paulo Siufi (PMDB). O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande disse ainda que entende a Legislação, “que o Presídio de Regime Aberto deve estar localizado próximo ao centro urbano e tem que melhorar a ressocialização dos internos”, mas que o Poder Público deve conseguir um ponto mais adequado que o atual.

O presidente da Comissão de Segurança Pública, Alex (PT) disse que a força da manifestação vai fazer a diferença. “Nem nós da Comissão de Segurança fomos comunicados. Os moradores e nós dessa Casa de Leis não podemos aceitar”, afirmou o vereador.

Já o vereador Lídio foi mais enfático ainda. Citou que foi morador do Residencial Flamingos por muitos anos e que ainda reside naquela região. Lembrou que é advogado criminalístico, que sabe dos direitos dos cidadãos. “Precisamos sim recuperar os internos, mas temos que pensar na comunidade primeiramente. Sabemos que nem todos são perigosos, mas há muito risco e prejuízos para as pessoas de bem sim. Até os imóveis já estão começando a ter desvalorização”, completou Lídio.

Paulo Pedra, como sempre, criticou diretamente o Poder Público. Citou outras situações que já teriam levado transtorno para aqueles moradores, como o Sambódromo e falou também da transferência dos “dogueiros” para a Praça Aquidauna. “Resumindo… eles (da prefeitura) vão empurrando, fazendo do jeito que querem, sem ouvir a opinião das pessoas, o que é mais importante. Tem que protestar, reclamar mesmo. Será que tem projeto sobre o impacto desse Presídio na vizinhança?”, questionou Paulo Pedra.