Os líderes mundiais realizaram nesta quinta-feira uma nova sessão de debates na ONU em um ambiente de pessimismo devido aos novos alertas sobre a economia mundial e a tensão no Oriente Médio.

Pela tribuna da Assembleia Geral da ONU passaram nesta quinta-feira líderes da República Dominicana, Leonel Fernández, do Peru, Ollanta Humala, da Costa Rica, Laura Chinchila, assim como o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o primeiro-ministro do , David Cameron, o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayipp Erdogan.

O debate, que reúne em Nova York líderes de 193 países, coincidiu nesta quinta-feira com um dia de quedas nas bolsas de valores no mundo todo, junto de renovadas advertências do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) de uma recessão nas economias avançadas e de tentações protecionistas nos países emergentes.

O temor sobre o impacto mundial que as crises na Europa e nos Estados Unidos dominaram grande parte dos discursos nesta quinta-feira na assembleia, especialmente nas dos países em vias de desenvolvimento.

‘Devemos nos proteger frente à tempestade originada no norte da América, que não sabemos se chegará como um furacão ou chuva à América Latina’, expressou o presidente do Peru, Ollanta Humana, em entrevista coletiva.

Os líderes falaram em foros paralelos de segurança nuclear e sobre a ausência de progressos na implementação da Declaração de Durban sobre o Racismo e mantiveram intensas negociações sobre a demanda dos palestinos de serem reconhecidos como Estado de pleno direito na ONU, que será oficializada nesta sexta-feira.

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ressaltou no fórum sobre segurança nuclear que a consciência sobre os desastres como o de março na central japonesa de Fukushima não deve afetar a confiança internacional com relação ao benefício do uso pacífico da energia nuclear.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu enfoque baseado na segurança para que um eventual ataque contra instalações nucleares não tenham consequências catastróficas.

Neste sentido Dilma coincidiu com a proposta de fixação de prazos para a eliminação completa das armas nucleares e que a ONU revise as condições de conservação e deterioração.

‘Temos de avançar na reforma do Conselho de Segurança da ONU, que foi bastião da lógica do privilégio nuclear durante mais de 65 anos e legitima a acumulação de material nuclear pelas potências armadas’, afirmou o governante do Brasil.

O presidente do Chile, Sebastian Piñera, defendeu em seu discurso diante da assembleia por reestudar as estruturas dos organismos internacionais.

‘Não é possível querermos dirigir este mundo novo com organizações velhas’, exigência similar a de outros países latino-americanos.

A ‘revolução’ do século 21 deve encurtar as distâncias entre os países desenvolvidos e as nações emergentes e não se transformar em fator de divisão, advertiu Piñera.

Já o presidente dominicano, Leonel Fernández, levou nesta quinta-feira à ONU sua proposta para que este organismo adote uma resolução com medidas de regulação que garantam a transparência dos mercados e a estabilidade de preços dos alimentos e dos combustíveis.

Fernández atacou duramente ‘os golpes de mercado’ que estão ocorrendo atualmente e atacou ‘a arrogância, a cobiça e o afã desenfreado de acumulação de riquezas’ que levaram a crise global, aguçada ‘pela falta de regras claras’ no sistema financeiro.

Enquanto isso, a governante da Costa Rica, Laura Chinchila, insistiu nas consequências dramáticas que tem o crime tráfico de drogas na América Central e pediu maior cooperação internacional para combater os fluxos de armas à região.

Por sua vez, a reivindicação realizada na quarta-feira pelo líder boliviano, Evo Morales, na ONU de ter acesso soberano ao mar por meio do território chileno, recebeu nesta quinta-feira contestação de Piñera a partir da mesma tribuna ao ‘diálogo bilateral’.

A sede da ONU e a cidade de Nova York são palco igualmente de inúmeras reuniões bilaterais.

Entre elas, a dos chanceleres da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia, María Ángela Holguín, que revisaram temas de cooperação comercial, energética, de segurança e outros assuntos de fronteira.