Cerca de 30 famílias que habitam o Loteamento Lar Para Todos, na parte alta de Corumbá, aguardam a remoção para as casas do PAC-Casa Nova, que foram construídas pela Prefeitura de Corumbá com recursos do Governo Federal, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As unidades habitacionais ainda não foram entregues pelo Município porque esperam a conclusão das redes de água e esgoto pela Sanesul.

Instaladas em um local com condições precárias de vida e numa área de risco, pois fica o Loteamento fica próximo a uma região de morraria, as famílias – que residem em barracos – vivem a indefinição de quando terão condições de mudança para os imóveis. “É desagradável essa espera para todo mundo. Ficamos naquela expectativa de quando vamos mudar e ter alguma coisa boa”, afirmou Denise Barbosa Lima, que há 11 anos mora no local, junto com o marido e duas filhas. “Estamos todos aqui inscritos para as casas do PAC, mas tem que resolver o problema da água e só falta o encanamento da rede de esgoto como falam e a gente fica nessa situação”, complementou.

Outra moradora do Lar Para Todos, Altina Regina Antunes, disse que ao ver as casas do PAC prontas e vazias, do outro lado da rua onde fica o Loteamento, fica completamente desolada à espera de uma resposta sobre o futuro. “Vejo as casas e penso quando é que vamos para lá. Falam que estão esperando a rede de água, até quando não sabemos. Estamos abandonados aqui”, afirmou a mulher que mora com o marido e duas filhas há quatro anos naquela região.

Residindo no local há sete anos, Luciléia Gonçalves Correia disse que a vista das casas totalmente prontas, ao alcance dos olhos, lhe causa “tristeza” por não saber quando esse impasse em torno da transferência para os imóveis vai terminar. “Quando olho pra lá dá tristeza. A gente é beneficiado e não consegue”, disse com um ar de decepção. “A situação aqui é precária e não sabem quando vão entregar. Tenho cadastro certo, está tudo assinado, não tem nada errado, mas por que não entregam?”, questionou.

Justiniana Rodrigues, que há onze anos vive no Lar Para Todos cuidando da mãe, resumiu o sentimento de todos que aguardam a conclusão das redes de água e esgoto para que possam ser transferidos para uma casa “de verdade”. “Eu olho para essas casas e me dá vontade de mudar. Precisamos de uma coisa certa de entregar a casa pra gente. Ela ainda contou que “faz tempo que cadastrou no PAC e estou com o selo pregado na porta de casa. Todos nós temos um selo de cadastro pregado na porta, só falta mudar. A gente quer sair daqui, já esperamos muito”, completou.

Coordenador-executivo do Movimento Nacional da Luta Pela Moradia (MNLM) em Corumbá, Iracemi Pereira da Cruz, informou ao Diário que há a informação que a Sanesul teria previsto a conclusão da rede de água e esgoto em outubro. “A Sanesul apresentou cronograma ao Ministério Público Federal que estaria liberando a rede para entrega das casas em outubro e até agora não foi entregue. A Sanesul não tem ideia de quando vai entregar. Conversei quarta-feira [dia 09] com o gerente regional da Sanesul, ele disse que não sabia se a rede estava pronta que iria verificar e depois dar uma resposta, mas até agora não ligou e falou nada”, contou o coordenador do MNLM. Iracemi teme que a chegada do período das chuvas, no início do ano, possa por em risco a vida dessas famílias.

A Sanesul

Através de contato telefônico, Miguel Chaparro, assessor da presidência da Sanesul, informou que “a Prefeitura entrou com pedido para liberar a quadra 26 com 60 lotes, que chegou ontem a tarde [10 de novembro] à regional buscando a liberação para as casas da rede de água e esgoto. A Sanesul vai trabalhar para liberar o mais rápido possível o serviço para atender à solicitação”.

O secretário Municipal de Infraestrutura, Ricardo Ametlla, confirmou que o Executivo reiterou o pedido de entrega das redes das 526 casas do PAC-Casa Nova. “Preocupado com a proximidade das chuvas do início do ano, o prefeito Ruiter Cunha determinou que reiterássemos o pedido à Sanesul e tivéssemos atenção especial com aqueles que ainda estão em áreas de risco para que não sofram danos, como os ocorridos no começo deste ano com as chuvas. Pedimos todas as 526 unidades e em especial essas 60 pelo risco”, afimou.

Primeiras casas foram entregues em dezembro do ano passado

As primeiras 272 unidades habitacionais do PAC-Casa Nova foram entregues no dia 22 de dezembro de 2010, para 171 famílias do Cravo Vermelho III; 15 do antigo prédio da Alfândega; 17 do Morro do Cruzeiro II; nove do Cravo Vermelho I (antigo lixão) e 60 do Loteamento Pantanal Lar para Todos. Todas as casas contam com as redes de distribuição de água e de coleta de esgoto passando à porta.

Todas estas famílias passaram por um longo período de atividades, que incluiu cursos de capacitação com foco na geração de renda. Das novas moradias, cinco foram destinadas a idosos e duas para portadores de deficiências. Todas foram adaptadas para atender esta clientela.

No local das casas, foram implantados 800 metros de galerias de água pluvial, e 45,8 mil metros quadrados de pavimentação asfáltica (cerca de 28 quadras), em fase de conclusão. O novo conjunto foi construído em uma área equivalente a 13 quadras. Cada quadra conta com 68 casas, com ruas (alamedas) pavimentadas, além de uma área verde no centro, para atender a comunidade local. Quatro lotes ficaram vazios e destinados ao comércio.

Com investimento de R$ 28.525.000, sendo R$ 24.246.250 da União, repassados pelo Ministério das Cidades, e outros R$ 4.278.750 de contrapartida municipal, o novo conjunto é composto de 800 moradias. Dessas, 561 já estão concluídas e outras 178 encontram-se em fase de conclusão.

O PAC-Casa Nova é um amplo projeto que, além das 800 unidades habitacionais, dotou o conjunto de uma série de equipamentos urbanos, como um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), praça de esporte e lazer, além de uma pré-escola e creche, uma Unidade Básica de Saúde da Família. Foi implantado para atender famílias corumbaenses do Cravo Vermelho III, conjunto Tiradentes, Loteamento Pantanal, Lar para Todos, Generoso, Cervejaria e Beira Rio, que vivem em condições precárias, inclusive nas áreas de riscos, como nas encostas das regiões de morraria.