Consumo de bebida na madrugada provoca ‘baderna’ no centro de Corumbá
Impulsionados pelo grande consumo de bebida alcoólica, em sua maioria jovens, têm tirado o sossego de moradores da área central da cidade, mais especificamente, da rua Dom Aquino, onde ao longo da via, vários estabelecimentos fazem a comercialização desses produtos. As chamadas conveniências, que funcionam durante a madrugada, tornaram-se pontos onde embalados pelo álcool, os […]
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Impulsionados pelo grande consumo de bebida alcoólica, em sua maioria jovens, têm tirado o sossego de moradores da área central da cidade, mais especificamente, da rua Dom Aquino, onde ao longo da via, vários estabelecimentos fazem a comercialização desses produtos. As chamadas conveniências, que funcionam durante a madrugada, tornaram-se pontos onde embalados pelo álcool, os jovens sentem-se estimulados a promoverem competições e demonstrações de habilidades no volante dos veículos, o que faz com que episódios de rachas e manobras como “cavalinho de pau”, sejam constantes.
Numa dessas demonstrações, um jovem de 22 anos, perdeu o controle e bateu o veículo Corsa, de cor verde, contra o muro de uma residência próxima a uma conveniência. Com sinais visíveis de embriaguez, o jovem se recusou a fazer o teste de alcoolemia, entretanto foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil. Por sorte, a resistência das antigas construções, barrou na madrugada de sábado, 28 de maio, a entrada do carro para dentro da casa onde reside a família de Joe Luís das Neves Landivar.
“Era por volta das duas e meia, três horas da manhã e ouvi um barulho horrível. Saí aqui e dei de cara com o carro no meu muro que ainda bem que é resistente. Se fosse um muro frágil, poderia ter vitimado alguém aqui dentro de casa”, disse. Ele que afirma ter relatado os fatos constantes ao Ministério Público, faz um apelo para que as autoridades competentes tomem uma postura diante da situação que classifica como “insuportável”. Segundo o morador, as fiscalizações só terão efeito se realizadas durante o período da madrugada que é quando a aglomeração acontece.
“A fiscalização não adianta durante o dia, é na madrugada o problema. Já está insuportável a quadra aqui, os moradores não aguentam mais, o som alto dos veículos, as brigas. A coisa aqui é um horror! Tem coisas que acontecem que não dá nem pra relatar”, contou ao Diário. Uma moradora que não quis ser identificada comentou que passa várias noites sem dormir com medo de brigas que ocorrem no local. Ela relatou que já presenciou, além dos palavrões, disparos de arma de fogo.
“A gente teme, pensando que uma bala dessas pode nos atingir aqui dentro de nossa casa. A gente não tem sossego, e a coisa tá tão feia, que não tem mais final de semana, é de segunda à segunda-feira essa baderna”, desabafou. “Estudantes que vão cedo para a escola e famílias que se dirigem para a missa acabam se expondo, sendo perturbados por aqueles que amanhecem na rua, depois de uma noite toda de bebedeira. Eles fazem piadas, insinuações”, completou a moradora.
Proprietário de uma loja de produtos agropecuários, Alberto Neto, não sofre com a perda do sossego ou teme ser atingido por uma bala perdida. Ele sofre com as consequências todas as manhãs quando vai abrir o estabelecimento. “Quando chegamos, nos deparamos com as portas todas urinadas com um cheiro forte, além de garrafas e copos quebrados. É muito desagradável. Sempre também temos que repor as lâmpadas que são quebradas”, falou.
De todos
Diretor de um hotel instalado nas imediações das conveniências, Tomas Elio, avalia a situação como um problema não somente de quem vive ou tem negócios na região.
“É algo que diz respeito a toda cidade, afinal a Dom Aquino é uma rua central, que dá acesso à praça principal, a uma igreja e uma escola, além de ligar nosso país à Bolívia. Isso causa uma péssima imagem da cidade”, avaliou.
Particularmente, ele aponta que a bagunça e o som alto, afetam os hóspedes que ligam várias vezes para a recepção do hotel cobrando providências. “Não podemos ir diretamente cobrar uma mudança. Dependemos de autoridades e, muitas vezes, essa cobertura não ocorre de forma adequada”, disse ao estimar que o volume do som é tão alto que pode ser escutado a cerca de 200 metros.
Ele pondera que a permissão para funcionamento desses estabelecimentos que vendem bebidas 24 horas deve ser repensada em áreas centrais e residenciais. “Deve se pensar na readequação dessas atividades, ou elas mudam de local ou mudam o ramo de atuação”, avaliou ao lembrar que também poderiam ser criadas áreas onde os jovens pudessem ouvir o som em volume alto sem prejudicar moradores.
Infrações e crimes
Procurado pela reportagem do Diário, o comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar, major Waldir Acosta, confirmou que as solicitações para controlar as badernas são constantes no serviço telefônico de emergência 190. Vandalismo, perturbação do sossego, crimes ambiental e de trânsito.
Com relação aos atos de vandalismo, o comandante explicou que quando ocorrem em bens públicos, os autores podem ser encaminhados para a Delegacia, já com bens privados é preciso que o proprietário faça uma representação e também se dirija à unidade policial. Já em relação ao alto volume do som, para que se autuem os responsáveis é preciso um laudo de um perito da Polícia Civil ou um biólogo que ateste a ultrapassagem do permitido. Outra medida que pode ser adotada, é a vítima se dispor a ir até à Delegacia para fazer representação. Nesse caso, além de multa, o autor pode ser enquadrado em crime ambiental.
Quanto à direção perigosa ou condutor embriagado, o comandante Waldir Acosta destacou que configuram como crimes de trânsito e que o autor pode ser atuado em flagrante. Segundo a legislação, quem é flagrado com uma dosagem superior a 0,2 decigramas de álcool por litro de sangue (equivalente à ingestão de uma lata de cerveja ou um cálice de vinho) paga multa, perde sete pontos na carteira de motorista e terá suspenso o direito de dirigir por um ano. Aqueles cuja dosagem de álcool no sangue superar 0,6 g/l (duas latas de cerveja) devem ser presos em flagrante. As penas poderão variar de seis meses a três anos de cadeia. Os infratores também perderão o direito de dirigir por um ano.
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