Conselho Municipal e população de Três Lagoas denunciam caos no atendimento
Os postos de atendimento convivem com a superlotação e faltam médicos para atender a população. Sem conseguir atendimento, principalmente pediátrico, pacientes sobrecarregam a Unidade de Pronto Atendimento – Postão.
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Os postos de atendimento convivem com a superlotação e faltam médicos para atender a população. Sem conseguir atendimento, principalmente pediátrico, pacientes sobrecarregam a Unidade de Pronto Atendimento – Postão.
A população reclama dos serviços da rede pública de saúde em Três Lagoas. Faltam médicos, os atendimento demoram eternidades e até o Conselho Municipal de Saúde admite o caos no atendimento.
“Médicos em férias, pedidos de demissão em massa, atrasos para o início do atendimento, são alguns dos motivos que tornam caótica a vida de quem precisa de tratamento médico”, segundo pacientes e familiares.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Edson Aparecido de Queiroz, é drástico ao falar sobre o quadro. “A saúde pública, em Três Lagoas, não está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) porque não há vaga”, resume.
“Eu fiz essa afirmação ao secretário municipal de saúde, Sérgio Jeremias, nesta última reunião do Conselho, na sexta-feira (13), após ele me dizer que não há médico porque não consegue contratá-los. São 10 vagas para preencher depois das demissões. Isso não é brincadeira”, conta.
Reclamações
A dona de casa, Anajara da Silva, reclama que passou esta segunda-feira (16) em busca por atendimento para a filha de nove anos. Elas fazem parte da multidão que aguardou por pediatras na Unidade de Pronto Atendimento (Postão), neste primeiro dia da semana, em Três Lagoas.
“Ficamos desde as nove horas até ao meio dia para que minha filha fosse atendida. Ela reclamava de muitas dores na região dos rins desde a madrugada. Estivemos no Posto do Jardim Maristela, que fica próximo a minha casa, mas lá disseram que não havia pediatra. Na ESF da Vila Aro não quiseram atendê-la porque não pertencíamos àquele bairro. Após a longa espera no Postão, a médica que examinou a menina pediu um exame de sangue, mas não deu medicação para aliviar a dor. Tivemos que esperar até as cinco da tarde pelo resultado do exame para que, a médica, que não é pediatra, receitasse medicamento. Foi muito sofrimento para uma criança”, desabafa a mãe.
Eunice Rodrigues Martins percorreu de bicicleta 17 quilômetros para buscar atendimento no Postão. A trabalhadora rural reclamava de fortes dores na região pélvica. “Fui sem tomar café da manhã para caso fosse pedido algum exame. Cheguei às sete horas e até ao meio dia ainda não havia sido atendida. Quando reclamei pela demora, as atendentes me informaram que haviam perdido as fichas de atendimento médico dos pacientes que estavam aguardando. É difícil ter paciência quando a gente está com dor”, alega Eunice.
Pediatras
Segundo os usuários, a maior deficiência no quadro médico da Rede Pública, em Três Lagoas, é a pediatria. Alguns desses profissionais pediram demissão, outro está de férias. Os poucos que restam não conseguem atender a demanda.
Além do agravante que apenas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão autorizadas a prestar atendimento aos pacientes de todos os bairros de Três Lagoas.
Segundo o Secretário Municipal de Saúde, nas quatro UBS falta clínico geral, ginecologista e pediatra. Sergio Jeremias informa que cada uma, neste momento, trabalha com duas equipes. “Cada turno (manhã e tarde) está funcionando com um clínico geral, um ginecologista e um pediatra. Por enquanto, só dispomos de três profissionais para cada período”, esclarece.
Nas 16 equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) – que só prestam atendimento para moradores da região na qual estão localizadas – Jeremias diz que a situação é mais grave. “Precisamos contratar médicos com carga horária de 8 horas diárias. Conforme a legislação, esse profissional não pode ter mais de um vínculo empregatício com a Rede Pública de Saúde”, explica.
Portaria do Ministério da Saúde
De acordo com o secretário, as medidas foram necessárias para cumprir o que determina a Portaria nº 134, de 4 de abril de 2011, do Ministério da Saúde, “fica proibido o cadastramento no SCNES (Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) de profissionais de saúde em mais de 2 (dois) cargos ou empregos públicos”.
“Como gestor da Saúde pública em Três Lagoas, propus aos médicos, que estavam irregulares conforme a Portaria, que pedissem demissão. Com isso, temos alguns pequenos problemas, que deverão ser solucionados a curto prazo”, finaliza Sérgio Jeremias.
Participação
O presidente do Conselho Municipal de Saúde aconselha a todos os usuários da Rede Pública que se sentirem lesados devem procurar o Órgão ou o Ministério Público Estadual (MPE) para registrar a reclamação.
“A população sofre calada. Isso tem que mudar. Estamos realizando 10 Pré-Conferências de Saúde para que o cidadão nos exponha quais os problemas que vem enfrentando com relação à Rede Pública em seu bairro participe da formulação de estratégias eficazes”, informa Edson.
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