A defesa feita pelo presidente do Sindicato Rural de na tribuna da Assembléia a convite do deputado Zé TEixeira revoltou os indígenas. “Mais uma vez, trata-se da palavra de um branco contra a de dezenas
de indígenas”

O Conselho indígena Kaiowá e Guarani Aty Guasu lançou nota nesta quinta-feira (01) rebatendo as manifestações do presidente do Sindicato Rural de Iguatemi, tanto pela postura, quanto pela temporalidade dos fatos.

Segundo o Conselho, os homens que estavam junto com Márcio Morgatto, ameaçaram cerca de 100 lideranças indígenas que estavam em dois ônibus, após visita ao acampamento tekoha Pyelito Kue-Mbarakay, mas não o fizeram em frente à Força Nacional ou da comitiva ministerial e da presidência, que segundo os indígenas, estava em outro ônibus a ‘5 ou 8 minutos atrás'.

Segundo os indígenas, duas caminhonetes seguiram os ônibus com as lideranças proferindo ameaças como “Vamos queimar esses ônibus com índios! Índios vagabundos! Ficam invadindo fazendas”, e que só depois da chegada da comitiva e da Força Nacional ocorreu a discussão entre o ‘ruralista-sindicalista' e o secretário nacional, filmada e apresentada na Assembléia Legislativa.

Segundo eles uma das caminhonetes, com placa de HSH-1020 Umuarama – Paraná (foto), estava sem documentação e sem a CNH do motorista, tendo sido trazidos os papéis por uma terceira caminhonete vários minutos depois.

Segundo a nota, devido a distancia e o tempo que levou a Força Nacional para chegar ao local, não foi possível que os policiais ouvissem às ameaças, sendo que “esse é o motivo, aliás, pelo qual, segundo os policiais, eles não foram presos em flagrante pelas ameaças”, afirmam na nota.

Essa informação foi confirmada extra-oficialmente por um dos policiais da Força Nacional que acompanhavam a comitiva e os ônibus de indígenas ao acampamento. “Realmente não foi possível ouvir as ameaças. Apesar de acreditar na palavra dos indígenas, não pude prender eles (jagunços e Morgatto) em flagrante. Se tivesse ouvido claramente, certamente eles teriam sido presos”, disse o policial à redação do Midiamax.

“Mais uma vez, trata-se da palavra de um branco contra a de dezenas de indígenas. Infelizmente, em Mato Grosso do Sul, temos visto episódios de violência em que o grito de dor de uma comunidade inteira vale menos, diante da Justiça, que a voz dissimulada de um único ‘karaí' (homem branco em guarani)”, finaliza a nota.