Os confrontos entre partidários do presidente do Egito, Hosni Mubarak, e ativistas da oposição voltaram a ocorrer na Praça Tahrir, no centro do Cairo, na madrugada desta quinta-feira, 3. De acordo com informações da televisão Al-Jazira, pelo menos cinco pessoas foram encontradas mortas, ao amanhecer, vítimas de disparos, e o número de feridos já passa de 1.500.

Se as cinco mortes forem confirmadas, chegará a oito o número de vítimas nos enfrentamentos na Praça Tahrir. Ainda na quarta, o Ministério da Saúde egípcio havia divulgado um boletim confirmando três mortes e 639 pessoas feridas.

As imagens divulgadas pelas televisões árabes nesta quinta mostraram cenas similares às vividas durante a quarta-feira, quando tiveram início os confrontos entre os que defendem o presidente egípcio e os que pedem sua renúncia.

O Exército ergueu barricadas para separar os dois grupos, mas não agiu para dispersar os conflitos, como fez mais cedo, disparando para o alto. Segundo relatos da Al-Jazira, os bloqueios erguidos pelos militares não foram suficientes para manter as multidões longe uma da outra.

Os partidários de Mubarak estão colhendo pedras, paus e vestindo máscaras, aparentemente se preparando para mais confrontos. Há indícios de que essas pessoas seriam policiais. Há alguns focos de incêndio na própria praça e em casas próximas, mas não há veículos dos bombeiros. Mais cedo, vários carros foram incendiados.

De acordo com a rede de TV Al-Arabya, alguns dos manifestantes favoráveis a Mubarak receberam pagamento de 200 libras egípcias (US$ 34) para participar dos protestos. Eles invadiram a Praça Tahrir no final da manhã. Alguns deles estavam montados em cavalos e camelos e usavam chicotes contra os egípcios que pedem o fim do regime, que já dura 30 anos.

O vice-presidente, Omar Suleiman, pediu o fim dos protestos e exortou os manifestantes – tanto os pró quanto os contra Mubarak – voltem para suas casas. Os egípcios, porém, permanecem no centro da capital desafiando o toque de recolher.

Os distúrbios no Egito foram inspirados na “Revolução do Jasmim”, que derrubou o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro. No Iêmen e na Jordânia também foram registradas manifestações.