Comunidade boliviana comemora independência com civismo e festejos
Sentimentos de patriotismo, de comunhão entre povos e de alegria se misturaram na manhã deste sábado (06) em Corumbá, durante as comemorações dos 186 anos de Independência da Bolívia, que já se tornaram uma tradição na cidade. Dividido entre o momento cívico e cultural, o ato no Jardim da Independência começou com a execução dos […]
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Sentimentos de patriotismo, de comunhão entre povos e de alegria se misturaram na manhã deste sábado (06) em Corumbá, durante as comemorações dos 186 anos de Independência da Bolívia, que já se tornaram uma tradição na cidade.
Dividido entre o momento cívico e cultural, o ato no Jardim da Independência começou com a execução dos hinos nacionais boliviano e brasileiro. Na sequência, foi feita uma leitura em espanhol pela jornalista Liz Zapata de um resumo histórico sobre o processo que levou o país a se tornar independente.
O prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira, e o cônsul da Bolívia no Brasil, Juan Carlos Merida Romero, fizeram a entrega de uma oferenda floral à estátua de herói da Retomada do Município, Antônio Maria Coelho. Acompanhados de duas estudantes bolivianas, as autoridades conduziram o arranjo de flores nas cores da bandeira da Bolívia.
Vinte pessoas que se destacaram pelo seu trabalho junto à comunidade boliviana foram homenageadas com a entrega de uma placa com símbolos nacionais, entre elas, autoridades militares, religiosas, magistrados e empresários.
Para o cônsul Juan Carlos, momentos como este quando os bolivianos podem se expressar dentro do território brasileiro cumprem importante papel na integração dos povos. “Estreitam nossos laços e apagam aqueles temas tão delicados que são, sobretudo, a marginalização e a discriminação. Nos conhecermos tem sido um orgulho, sobretudo, para as autoridades consulares que podem demonstrar que a Bolívia está marchando para poder se integrar economicamente socialmente, sobretudo nos lugares de fronteira”, discursou a autoridade consular.
O prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira, ressaltou a importância da união entre os povos fronteiriços para uma boa e próspera convivência. “Somos irmãos, filhos de países independentes, e a liberdade que herdamos desperta em nós hoje novos sonhos. Queremos liberdade com a alegria da boa instrução, da atenção à saúde, da redução das desigualdades sociais, da solidariedade entre as pessoas. (…) Não porque a geografia nos aproxima, mas porque realmente experimentamos a convivência diária, misturamos nossa cultura, nossos
filhos estudam juntos, compartilhamos de serviços públicos, os governos dialogam na divergência. Falo no plural porque em regiões de fronteira como a nossa somos plural e precisamos crescer juntos”, falou.
Festa de cores e ritmos
A parte cultural começou com a execução da música “Viva Mi Patria, Bolívia”, de letra e música de Apolinar Camacho. Essa canção é considerada um segundo hino da Bolívia e começa com o seguinte trecho: “Viva mi Patria Bolivia/una gran nación/por ella doy mi vida/también mi corazón”. Em frente ao coreto, a comunidade boliviana e os brasileiros presentes acompanharam a música com palmas.
Contagiantes também foram os ritmos apresentados pelo balé folclórico da cidade de Puerto Suárez, além do grupo cultural 16 de Agosto, com a Morenada e da Fraternidad da Universidad Mayor de San Simon, de Cochabamba, que dançaram o Tinku.
Segundo a ACFO (Associação de Conjuntos Floclóricos de Oruro), o tinku é uma dança que se derivou de uma manifestação pré-hispânica, um ritual de luta, realizada em regiões de Oruro e Potosi com o intuito de derramar sangue para a Pachamama (deusa que simboliza a Terra) para ter se uma boa colheita. O termo tinku vem da língua quéchua e significa “encontro”. Já a morenada surgiu da mistura dos índios locais com povo negro que foi levado para Potosi a fim de trabalhar nas minas de ouro.
Heloísa Helena da Costa Urt, diretora-presidente da Fundação de Cultura do Pantanal de Corumbá, destacou que este ano, Corumbá assistiu pela primeira vez a apresentação de um dos grupos mais respeitados de dança folclórica da Bolívia, que é da Universidade de San Simón. Para ela, o momento é bastante representativo para a sociedade.
“Além de comemorar a liberdade de um povo a gente acaba adquirindo cultura”, disse ao lembrar que ao presenciar manifestações como as deste sábado, o cidadão conhece e se interessa muito mais por uma cultura que está tão próxima.
Foi o que aconteceu com a dona de casa Susi Costa. Depois de anos ouvindo falar sobre as comemorações, ela resolveu ir acompanhar de perto e se surpreendeu com o que viu como contou ao Diário. “Eu nunca participei, mas sempre ouvi falar que era muito bonito. Tudo é muito lindo e não imaginava que a Bolívia tinha toda essa riqueza cultural apesar de morar aqui na fronteira”, disse.
As comemorações continuam com a celebração de uma missa em louvor á Nossa Senhora de Copacabana, às 14 horas deste sábado, na Igreja Catedral de Nossa Senhora da Candelária, em Corumbá. Após o momento religioso, os devotos seguem em procissão dançante pelas principais ruas do centro da cidade rumo ao distrito de Arroyo Concepción, na fronteira, onde os festejos continuam pela noite.
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