A comissão temporária externa do Senado criada para investigar conflitos agrários apontou em seu relatório que os conflitos agrários na região amazônica decorrem da ausência do poder do Estado e que a impunidade colabora para que mais crimes ocorram no campo. O relatório foi entregue hoje (21) ao presidente do Senado, José Sarney. A comissão foi formada depois de assassinatos de trabalhadores rurais ocorridos em maio, no Pará e em Rondônia.

No dia 24 de maio, o líder extrativista Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa, Maria do Espírito Santo, foram assassinados em Nova Ipixuna (PA). Três dias depois, Adelino Ramos, conhecido como Dinho, foi assassinado em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO). Ele vinha denunciando a ação ilegal de madeireiros na região da tríplice divisa entre Acre, Amazonas e Rondônia.

A presidente da comissão, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), disse que muitas áreas protegidas por lei ainda não têm a estrutura necessária para que a preservação ambiental seja uma realidade. Segundo a senadora, depois que a comissão visitou as regiões de conflito, o número de crimes diminuiu.

“Apesar das dificuldades, foi um trabalho importante e de muita emoção. Ao trabalhar a fiscalização, o Senado dá uma contribuição inestimável [ao país]”, disse a senadora.

O relator da comissão, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), defendeu a criação de uma rede de proteção aos trabalhadores rurais que impeça a criminalidade e colabore para mais qualidade da vida no campo.