Deputados federais que integram a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara viajam hoje (2) para Mato Grosso do Sul. Eles vão verificar as denúncias de violência contra os povos indígenas que vivem no estado.

Em Dourados, os deputados Domingos Dutra (PT-MA), Erika Kokay (PT-DF) e Padre Ton (PT-RO) se reunirão, de manhã, com lideranças indígenas, no campus da Universidade Federal da Grande Dourados, próximo ao aeroporto local. À tarde, o grupo segue para a Procuradoria da República de Dourados, onde vai se encontrar com autoridades de órgãos como o Ministério Público Federal e a Polícia Federal (PF).

Amanhã (3), os parlamentares visitarão os acampamentos indígenas Kurusu Amba, em Coronel Sapucaia, e Tekoha Guaiviry, em Amambai. A comitiva também aproveitará para checar o andamento da demarcação das terras Guarani Kaiowá pela Fundação Nacional do Índio.

No último dia 18, o Acampamento Guaiviry foi atacado por pistoleiros encapuzados que, de acordo com os índios Guarani Kaiowá que vivem no local, balearam o cacique Nísio Gomes e levaram seu corpo (que continua desaparecido) e três crianças. Ontem (1º), a PF prendeu três suspeitos de participar do ataque. Seus nomes não foram divulgados. Devido ao episódio, a comissão classificou a ida dos parlamentares ao estado como “emergencial”.

Apenas dez dias após o ataque a Guaiviry, índios do Acampamento Pyelito Kue, próximo ao município de Iguatemi, denunciaram que dois homens em uma moto invadiram o local atirando e prometeram voltar.

De acordo com a Funai, os Guarani Kaiowá são, atualmente, o mais numeroso povo indígena do país, com mais de 45 mil pessoas. A maioria delas vive em situação de miséria, ocupando 42 mil hectares (o equivalente a 420 milhões de metros quadrados ou 42 mil campos de futebol). Segundo o relatório sobre a violência contra os povos indígenas produzido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), 250 indígenas foram mortos em Mato Grosso do Sul nos últimos oito anos.

Quarta-feira (30), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota em que repudia o ataque ao acampamento Guaiviry e defende a demarcação das terras indígenas como forma de pôr fim à violência contra os índios e à impunidade. “A CNBB, solidária aos Kaiowá e Guarani, reafirma seu compromisso com a defesa de seus direitos constitucionais, especialmente o direito de ter demarcadas e homologadas suas terras ancestrais como assegura a Carta Magna do país”, diz a nota.