Com prejuízo de cerca de 30% em comparação ao ano passado, o comerciante Joaquim Pereira de Queiroz, decidiu que receberá pagamentos em cheques, somente de clientes antigos. “Nos últimos dois anos, receber cheques como pagamento tem sido um problema. Isso porque em 2009 e 2010, o número de cheques dados sem fundos aumentou muito, causando um grande prejuízo em minha loja. Há 12 anos possuo esses pontos comerciais de venda de roupas e calçados e sempre aceitei o cheque como forma de pagamento. A única saída, que encontrei este ano, foi excluir o cheque como forma de pagamento e trabalhar apenas com o cartão de crédito e o pagamento à vista e nesse caso oferecemos desconto”, contou Joaquim.

A lojista Basma Assarieh calcula que nos últimos meses, teve um prejuízo com cheques sem fundos e que está pensando em não aceitar mais o cheque como forma de pagamento. “O cheque está sendo uma forma muito arriscada de pagamento para os lojistas. Somente nos últimos meses, posso afirmar que tive um prejuízo de 2 mil reais de cheques sem fundos, é lamentável”, afirmou a lojista.

Para tentar receber os valores, Basma afirmou negociar de todas as formas com os clientes, com o intuito de amenizar a situação para ambos os lados. “Quando um cliente não consegue cumprir com o combinado e quando percebemos que o cheque está sem fundos, o procuramos e tentamos negociar. É possível afirmar que as pessoas são desinteressadas, elas só tentam resolver essa situação com os cheques porque acabam tendo o nome incluso do Sistema de Proteção ao Crédito e depois, querem retirá-lo, pois isso impossibilita que elas realizem compras a prazo, ou obtenham financiamentos. Quando se veem nessa situação de restrição cadastral, acabam por negociar suas dívidas, porém, isso demanda um bom tempo”, afirmou a comerciante.

De acordo com dados divulgados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecomércio), em agosto passado, o volume de cheques sem fundos emitidos em Mato Grosso do Sul e o valor médio das lâminas que foram devolvidas foi o maior do ano. A pesquisa mostrou que embora os pagamentos em cheques sejam muito menores que nos cartões e em dinheiro, no último mês o volume de lâminas emitidas na economia do Estado aumentou 8%.

Já as que foram devolvidas por falta de fundos passaram de 109 mil a 116,4 mil, aumento de 6,78%. O aumento maior, porém, é no valor médio da folha, já que os prejuízos cresceram 13,5%, alcançando 189,6 milhões em agosto. De R$ 1.538,53, o valor médio do cheque sem fundo passou a R$ R$ 1.628,86.

Quase 5 mil consultas ao SCPC

A Associação Comercial de Corumbá divulgou balanço sobre as consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SCPC) referentes ao mês de agosto. O que pode se observar é que o comércio local realizou em agosto, mais consultas ao serviço, chegando ao número de 4.698, em relação ao mês anterior. As lojas de roupas, venda de móveis e eletrodomésticos são as que mais realizam consultas no comércio local.

Das mais de 4 mil consultas, 684 delas apresentaram restrições de crédito e nome negativado no SCPC. Em relação aos cheques, foram realizadas consultas de 610 folhas, sendo que 213 delas possuíam algum tipo de restrição. As lojas locais têm a possibilidade de realizar a consulta cadastral direto do próprio estabelecimento. Foram 3.013 consultas realizadas pela internet e 1.685 na Associação Comercial.

Atenção com as consultas online

A Associação Comercial de Corumbá alerta à população local que não é possível fazer consultas ao SCPC e Serasa grátis pela internet. Isso ocorre porque as empresas são órgãos privados e não disponibilizam as informações do seu banco de dados para o público.