Com doença pouco conhecida, celíacos querem conscientizar população de MS

Doença é uma intolerância permanente – por toda a vida – ao glúten, uma proteína que está contida no trigo, aveia, cevada e centeio de todos os alimentos fabricados com esses cereais; a enfermidade surge por meio de uma grave alteração no intestino delgado que barra a absorção dos alimentos

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Doença é uma intolerância permanente – por toda a vida – ao glúten, uma proteína que está contida no trigo, aveia, cevada e centeio de todos os alimentos fabricados com esses cereais; a enfermidade surge por meio de uma grave alteração no intestino delgado que barra a absorção dos alimentos

Kelle Caroline Dias descobriu que a filha de nove meses de vida era portadora de uma doença pouco conhecida. Antes do diagnóstico, a mãe tentou solucionar o problema desconhecido com troca do leite em pó servido nas mamadas, mas de nada adiantou até que uma noite enquanto ela e o marido jantavam em uma pizzaria tiveram que ir às pressas para um pronto socorro infantil. A menina ficou com intestino preso ao ponto de sofrer de hemorróidas. Naquela noite descobriram a doença celíaca no bebê, que hoje tem 11 meses.

A história da família de Kelle é parecida com a de milhares de pessoas no mundo, que também descobriram precocemente a doença celíaca, que é uma intolerância aos alimentos com glúten (contido no trigo, cevada, aveia e centeio). Existem também casos de aparecimento em adultos.

“A médica explicou pra nós que tem paciente que prende o intestino, mas outros acabam tendo muita diarréia, por isso os pais acabam confundindo com infecção intestinal ou outra doencinha de criança”, diz Kelle que solucionou o problema da filha com a troca do leite por um sem gluten na composição.

O presidente da Associação dos Celíacos do Brasil- Seção Mato Grosso do Sul (AcelbraMS), Valdir Villa Nova destaca que os celíacos podem ter uma vida normal como toda pessoa com saúde, desde que respeitando a dieta de não comer alimentos com gluten. Ele tem um filho de 27 anos que há 25 convive com a doença. “Na fase adulta já é mais fácil a dieta. O difícil é quando criança”, diz.

O filho de Valdir, Wellington Villa Nova, é formado em engenharia civil pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, O pai conta que na descoberta da doença, aos dois anos de idade, foi preciso uma dieta alimentar que envolveu toda família, o que é bastante comum.

Na fase adulta foi mais fácil lidar com a situação, inclusive pela quantidade de alimentos que podem substituir os com glúten. “A indústria evoluiu bastante e até os preço diminuíram um poço. Antes um pacote de macarrão tinha um preço absurdo. Hoje se encontra mais opções de marcas com preços entre 15% e 20% mais caros que os ditos convencionais”, diz.

Panfletagem

Na manhã deste sábado, celíacos e familiares vão distribuir panfletos na Praça Ary Coelho, a partir das 8h, em Campo Grande. O material explica sobre a doença, sintomas, diagnóstico e dieta. O objetivo é despertar outras famílias sobre a possibilidade de ter um ente com a doença. Além disso, vão mostrar que existe uma entidade, a AcelbraMS capaz de orientá-los.

Macarronada

Neste domingo, 15, a Acelbrams promove a quarta macarronada da entidade. A finalidade é angariar recursos para os projetos sociais da entidade e assistência às famílias com celíacos. O evento acontece no Barracão dos Amigos, que fica na Rua Hermenegildo Pereira, 433, esquina com Marechal Floriano, Vila Bandeirantes.

O convite individual custa R$ 12,00 e os participantes precisam levar pratos e talheres. O macarrão servido é feito a base de arroz, com molhos tradicionais. Informações: 9958-5631, com Valdir Villa Nova.

Perguntas frequentes

Embora a doença celíaca seja reconhecida desde o século XI, foi somente em 1888 que Samuel Gee, um pesquisador inglês, a descreveu em detalhes e achou que as farinhas poderiam ser as causadoras da moléstia.

Em 1950, Dicke, um pediatra holandês, observou que durante a guerra, quando o pão esteve escasso na Europa, diminuíram os casos de doença celíaca. Três anos depois ele conseguiu comprovar sua teoria, deixando claro o papel do glúten (contido no trigo, cevada, aveia e centeio) na provocação da doença

O que é?

É uma intolerância permanente (por toda a vida) ao glúten, que se manifesta em algumas pessoas, crianças ou adultos, com predisposição genética. Ocorre uma grave alteração no intestino delgado que impede a absorção dos alimentos.

Quando aparece?

Pode surgir na infância, geralmente durante o primeiro ao terceiro ano de vida, ou manifestar-se em qualquer idade, inclusive no adulto.

Como se manifesta?

Os sintomas mais comuns são diarréia, emagrecimento e parada do crescimento, mas em algumas crianças podem ocorrer vômitos, anemia que não cura com tratamento, ou até mesmo “prisão de ventre”, sempre associados à baixa estatura. A criança fica irritada, sem apetite, com o abdome distendido e bastante emagrecida, com sobras de pele, principalmente nas nádegas. O adolescente costuma ter pouco ou nenhum sintoma.

O que é o “glúten”? É uma proteína que está contida no trigo, aveia, cevada e centeio e todos os alimentos fabricados com esses cereais. A sua fração mais tóxica para o celíaco é a gliadina.

Como se trata a doença celíaca?

O único tratamento é a dieta, pelo resto da vida. O glúten não pode ser mais consumido pelo paciente, criança ou adulto. Qualquer quantidade é prejudicial, mesmo que seja “um pedacinho” de pão.

Quando se inicia a dieta isenta de glúten a melhora é rapidamente notada. Em poucas semanas ou dias, aumenta o apetite da criança, pára a diarréia e ela engorda e muda o humor. A aceleração do crescimento é mais lenta e só se nota após 2 ou 3 meses. O intestino se recupera completamente. (Fonte: www.acelbrams.org.br).

 

Conteúdos relacionados