Com 40% do corpo queimado, Holyfield afirma: ‘Eu acabei’

Um mês depois de entrar em sua casa em chamas, o ex-pugilista Reginaldo Holyfield é o retrato da superação. Ainda internado no Hospital Geral do Estado, em Salvador, depois de ter 40% do corpo queimado, Holyfield conversou com a imprensa na tarde desta terça-feira e relembrou o incêndio que atingiu sua casa no início de […]

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Um mês depois de entrar em sua casa em chamas, o ex-pugilista Reginaldo Holyfield é o retrato da superação. Ainda internado no Hospital Geral do Estado, em Salvador, depois de ter 40% do corpo queimado, Holyfield conversou com a imprensa na tarde desta terça-feira e relembrou o incêndio que atingiu sua casa no início de setembro.

– Foi muito fogo. Entrei no incêndio, caí, bati a cabeça e desmaiei. As crianças estavam no quarto. Estava tudo pegando fogo na sala, tinha um colchão de casal enorme pegando fogo, mais de um metro de fogo. Foi muito doloroso – contou o ex-pugilista.

Na ocasião, Holyfield entrou em casa para salvar os sobrinhos, que haviam ateado fogo a um colchão por acidente. A mãe do ex-boxeador, dona Maria de Lourdes, também estava no local e contou o que aconteceu:

– Eu gritei: “Reginaldo, levante aí que Mariana está me gritando”. Quando ela subiu a escada correndo, ele meteu o pé na porta. A casa estava em chamas. Ele entrou, foi no banheiro, pegou água e jogou em cima de tudo. Ele saiu pra respirar lá fora e voltou. Eu já estava lá fora, entupida também por causa da fumaça. Aí quando ele voltou, escorregou na porta. Ele já tinha salvado as duas crianças. Eu vi as chamas no corpo dele – afirmou Maria de Lourdes, após o incêndio.

Nesta terça-feira, Holyfield revelou o que o fez entrar no meio das chamas e afirmou que não se sente como um herói por causa do episódio.

– Não sei como minha mãe passou. Quando eu caí, ela passou na minha frente. Quando eu ouvi os gritos dos meninos de sofrimento, eu pensei que meu sobrinho tinha morrido e levantei desesperado. Quando eu cheguei lá era pior: era um fogo imenso. Eu não enxerguei nada. Não sei como minha mãe conseguiu passar por mim. Realmente não tomo título de herói, porque é minha família. Acho que eu faria isso por qualquer pessoa naquela situação. Na hora, a gente não mede o sofrimento. É a necessidade – disse.

Em recuperação, o ex-pugilista ainda tem a perna imobilizada por causa dos ferimentos. As mãos, que outrora lhe renderam títulos e glória, carregam agora as marcas deixadas pelo fogo. Ao ser questionado sobre um possível retorno aos ringues, Holyfield apenas chora e, entre os soluços, o que se ouve é sofrimento.

– Eu acabei. O esporte para mim não tem mais sentido. O fogo me derrubou. Mas não tenho arrependimentos. Como lutador, ganhei muitos títulos. Sou Holyfield hoje graças ao boxe – lamenta.

Ainda abalado, Holyfield conta como está sendo o processo de recuperação. Na cadeira de rodas, o ex-pugilista tenta traduzir em palavras a dor de ter 40% do corpo atingido por queimaduras de 2º e 3º graus.

– A recuperação é lenta e dolorosa. Nunca imaginei passar por isso. Nunca tive medo de nada, não lembro de ter chorado. Agora, todos os dias choro e grito de dor na hora de trocar os curativos. O banho é um pesadelo. Não consigo segurar nada com a mão, porque não tenho força – relatou.

O ex-pugilista ainda vai passar por uma cirurgia na perna e no pé esquerdo para reparar os danos causados pelas queimaduras. Ainda assim, em meio às dores da recuperação, Holyfield agradece o carinho recebido pelos fãs durante o período difícil e deixa no ar o desejo de colocar em prática, em breve, um projeto que pode perpetuar seu nome no mundo do esporte.

– Tenho o projeto de fazer grandes campeões. Nas próximas Olímpiadas, eu tenho certeza de que vai ter gente do meu projeto lá – finalizou.

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