A partir de 2009, empreiteira investigada por suposto envolvimento com Puccinelli e Giroto ficou com grande obras rodoviárias licitadas pelo DNIT

A maior empreiteira sediada no MS, com um cartel de obras fabuloso, acaba de dispensar seus trabalhadores, paralisar trabalhos, pendurar dívidas com bancos e outros fornecedores, depois de um pedido de recuperação judicial , no último dia 7, Vara de Falência e Recuperações do TJMS.

A empreiteira alega ter uma dívida de R$ 60 milhões.

A divulgação do fato causou estranheza no estado, principalmente pelo porte da empresa e suas relações com o governo do MS. O deputado Edson Giroto foi sócio de duas empresas afiliadas da CGR – Cobravi e Solus – até 1999, quando já era secretário de Obras de Campo Grande.

A proximidade veio à tona, novamente, na Operação Uragano, ocasião na qual as gravações de Eleandro Passaia com um empreiteiro revelaram que o deputado e o governador Puccinelli teriam participação indireta na empreiteira.
Durante a própria Uragano, um dos sócios da CGR – Gilberto Recalde – foi indiciado pelo delegado Bráulio Galloni, da PF, por corrupção ativa.

Em 2009, em Dourados, num dos muitos contratos com a Agesul, ainda dirigida por Giroto, a empresa ganhou uma licitação no valor de R$ 10 milhões, para reordenar o tráfego em 7,8 km da MS-156.

Não foi só na Uragano em que a CGR se meteu em enrascadas. A empreiteira foi citada pelo TCU no Fiscobras de 2009 por superfaturamento, nas obras da BR-359, onde tem dois lotes com valor superior a R$ 100 milhões. A rodovia, que deveria ter sido inaugurada em 2010, está inacabada até hoje. E com os famosos aditivos.

Em relação à essa obra, 5 de outubro de 2011, Puccinelli e Giroto estiveram com o ministro dos Transportes, Paulo Passos, solicitando a liberação de mais R$ 9,8 milhões para pagamento das empreiteiras da BR-359, verba que o ministro prometeu liberar, prontamente, segundo declaração do governador à imprensa.
Na mesma reunião, a dupla solicitou mais R$ 8,2 milhões para as obras do Contorno Ferroviário de Três Lagoas, na qual a Mineração CGR fornece a brita para assentamento dos trilhos. A obra também está em análise do TCU por irregularidades.

Mar de dinheiro entrou na empreiteira a partir de 2009

No governo de Puccinelli, desde 2009, a CGR Engenharia deu um enorme salto nos valores recebidos diretamente do DNIT, o departamento do Ministério dos Transportes cuja diretoria foi totalmente “faxinada” pela presidente Dilma, em 2011. A Agesul ajudou nas licitações e projetos.
A explicação pode estar na enxurrada de obras federais que a empreiteira ganhou do DNIT de Luiz Antonio Pagot, faxinado em Brasília, e de Marcelo Miranda, no MS: BR-267, BR-262, BR-359, BR-060, BR-158 e BR-101 (Santa Catarina).

Em 2008, a empreiteira recebeu R$ 2.9 milhões. Em 2009, o salto foi superior em dez vezes: R$ 36 milhões. Em 2010, a conta continuou alta, com R$ 35 milhões. E neste ano a cifra, até agora, é de R$ 25 milhões. No período, o valor recebido foi de R$ 96 milhões.
Além das rodovias federais, a CGR teve muitas outras obras de porte, como a construção do Terminal Intermodal de Campo Grande, também flagrado em graves irregularidade pelo TCU.

O fato valeu a Giroto uma capa da revista Istoé, em 26 de agosto deste ano, que demonstrava um link entre obras públicas irregulares e financiamento de campanha. A cifra que a revista citou do financiamento da campanha do então deputado do PR, hoje PMBD, foi de R$ 163 mil.
 
A CGR também é uma das empresas com maior números de contratos do governo estadual, que podem ser encontrados em profusão nas páginas online do Diário Oficial do MS. Casas populares, estradas estaduais, fornecimento de CBUQ, uma cobertura asfáltica extremamente cara para obras de pavimentação em todo o estado e prefeituras.
Além disso, como a empreiteira compõem um grupo – Grupo CGR- muitos outros contratos estão relacionados às suas afiliadas.

Até agora, a empresa não respondeu ao pedido de entrevista solicitado pela reportagem na tarde de ontem.