Casal gay reclama de “expulsão” após beijo em cinema na Zona Sul do Rio

O bailarino João Batista Júnior, de 25 anos, e o sociólogo Thiago Soliva, 26, registraram queixa, nesta sexta-feira (18/02), na Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual, da Prefeitura do Rio, contra um segurança do cinema Roxy, em Copacabana, na Zona Sul da cidade. De acordo com o bailarino, ele e o companheiro foram convidados a se […]

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O bailarino João Batista Júnior, de 25 anos, e o sociólogo
Thiago Soliva, 26, registraram queixa, nesta sexta-feira (18/02), na
Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual, da Prefeitura do Rio, contra um
segurança do cinema Roxy, em Copacabana, na Zona Sul da cidade. De acordo com o
bailarino, ele e o companheiro foram convidados a se retirar do cinema pelo
agente, após se beijarem na sala.

O grupo Severiano Ribeiro, que administra o cinema Roxy,
informou que “lamenta profundamente este episódio”. Segundo a rede,
“a conduta adotada pelo segurança não seguiu, em nenhum momento, as
diretrizes da empresa, que zela em primeiro lugar pelo bem-estar, liberdade,
conforto e respeito a todos os seus clientes”. O grupo informa ainda que
“o segurança, prestador de uma empresa terceirizada, foi afastado
imediatamente e não presta mais serviços para a empresa”.

Discussão com segurança

João Batista explica que o segurança passou a olhá-los de
maneira estranha, desde quando eles entraram no cinema de mãos dadas.

“Nos comportamos como qualquer casal. Entramos na sala, nos
abraçamos, e nos beijamos. Quando o segurança viu, ele disse que não podíamos
continuar ali daquela maneira. Aí eu perguntei: ‘como?’. E ele disse ‘se
beijando’. O indaguei que se ele estivesse com a mulher dele, se ele gostaria
de ser retirado da sala por beijá-la, e ele argumentou que homem e mulher é
normal se beijarem, e com a gente não”, lamentou o bailarino.

Ida à delegacia

O bailarino diz ainda que após a discussão com o segurança,
ele procurou a gerência do Roxy. Segundo ele, o gerente se desculpou pelo fato
e ofereceu dois vale-ingressos ou a devolução do dinheiro para o casal.
Insatisfeitos, João e Thiago foram até a 13ª DP (Ipanema) registrar queixa
contra o segurança.

Ao chegarem à delegacia, o casal foi atendido por um
inspetor que lhes informou que, antes de registrar a ocorrência, era preciso
ligar para o 190 e estar em posse dos documentos de identificação do segurança.
Thiago e João retornaram ao cinema em busca dos dados, conversaram novamente com
o gerente, e ligaram para a polícia.

De acordo com João, assim que a polícia chegou ao
estabelecimento, o gerente disse aos agentes que o segurança já tinha ido
embora e que não trabalhava mais na equipe. Ainda inconformados com a situação,
o casal voltou à delegacia no dia seguinte.

Falta de lei para enquadrar segurança

Mas, segundo João, o delegado da 13ª DP (Ipanema) explicou
que não era possível registrar queixa, já que não houve agressão, e que não
havia uma lei para enquadrar o segurança pelo crime de homofobia.

“O delegado fez um documento para atestar que estivemos na
delegacia. Ele nos disse que poderíamos utilizá-lo, caso a gente queira entrar
com um processo contra o cinema na esfera cível. Volto a dizer que o
constrangimento que passamos foi inadmissível e foi muito ruim ver que nada
aconteceu. Se ninguém tomar providências, as pessoas vão se achar no direito de
matar, cuspir, enfim, fazer qualquer coisa com os gays”, desabafou João.

No sábado (19), o casal, em companhia de amigos, promete distribuir
folhetos explicando o episódio pelo qual passaram, na porta do Cinema Roxy.

A Prefeitura do Rio, a quem pertence a Coordenadoria
Especial de Diversidade Sexual, informou que na segunda-feira (21) vai enviar
um ofício aos responsáveis pelo cinema para apurar e advertir sobre o ocorrido.

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