A uma semana do fim do ano, balanço parcial indica que investimento em ações foi péssimo negócio na região

O balanço ainda não é definitivo, mas as bolsas de valores da Europa se revelaram um péssimo investimento em 2011. Milão, Paris, Frankfurt, Londres ou Madri, as praças financeiras das cinco maiores economias do bloco, perderam entre 8% e 25% desde 1.º de janeiro – sem contar o desempenho de mercados menores e ainda mais problemáticos, como Atenas.

O desastre foi causado pelo aprofundamento da crise das dívidas soberanas, por sucessivos rebaixamentos nos ratings de Estados e empresas privadas e pelo crescimento anêmico.

De acordo com o balanço realizado pela agência Bloomberg, o pior desempenho foi registrado por um novato na crise das dívidas: a Itália. Até ontem, o principal índice da bolsa de Milão, o FTSE MIB, havia caído 25,51%. Em segundo lugar entre os piores desempenhos, ficou a bolsa de Paris, onde o CAC-40 desabou 19,3% ao longo de 51 semanas. O índice europeu EuroStoxx 50 perdeu 18,61%, completando o “pódio”.

O maior problema dos investidores é que ninguém escapou do desastre. Na Alemanha, país que neste momento dá as cartas na União Europeia, o DAX, de Frankfurt, caiu 15,36%, ainda mais que o Ibex, da bolsa de Madri, que perdeu 14,16%. Completam a lista o AEX, da Holanda – sexta maior economia do bloco -, com recuo de 13,93%. Fora da zona do euro e, portanto, menos ameaçado pela crise das dívidas soberanas, o Reino Unido teve o desempenho menos ruim dentre as grandes potências: 7,51% de desvalorização para o FTSE.

Entre os índices setoriais, o do sistema financeiro foi o mais prejudicado pela crise. Nas últimas 52 semanas, o Euro Stoxx Banks perdeu nada menos do que 39,50%. Na França, país que ainda nem foi atingido em cheio pela crise, o banco Société Général apresenta queda de 58% no ano, a pior de todas as 51 instituições financeiras que compõem o índice.

Alívio. Apesar das quedas ao longo do ano, as bolsas da Europa têm enfrentado uma semana mais tranquila. Nesta sexta-feira, foram registradas altas nos mercados: 1,02% em Londres, 0,99% em Paris e 0,46% em Frankfurt.

Mas a perspectiva para o longo prazo continua negativa. Isso porque as decisões políticas ainda não são suficientemente fortes, segundo especialistas.

“A crise da zona do euro continua envolvendo múltiplas dimensões. No front da dívida soberana, ainda não houve acordo na reestruturação da dívida da Grécia, e Itália e Espanha enfrentarão necessidades de grandes refinanciamentos no início de 2012”, avalia o economista Nicolas Véron, analista do Instituto Bruegel, de Bruxelas.