A ata da reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom) do (BC), divulgada hoje, reconhece que o cenário para a inflação “evoluiu desfavoravelmente” desde a reunião de dezembro. A afirmação consta no parágrafo 24 do primeiro documento produzido sob a presidência de Alexandre Tombini no BC. Na última reunião do Copom, a Selic (a taxa básica de juros da economia) subiu de 10,75% para 11,25% ao ano.

“De fato, no último trimestre do ano passado, a inflação foi forte e negativamente influenciada pela dinâmica dos preços de alimentos”, cita o documento, ao lembrar que esses preços sofreram com choques de oferta no Brasil e no exterior. O BC reconhece que esses aumentos dos preços de alimentos “tendem a ser transmitidos ao cenário prospectivo” da inflação de várias maneiras, como a inércia inflacionária e as projeções do mercado.

Ainda no trecho 24 da ata, os diretores do BC avaliam como “relevantes” os riscos gerados pela persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda. “Note-se, também, a estreita margem de ociosidade dos fatores de produção, especialmente, de mão de obra.” O documento cita que, nessas circunstâncias, há um risco importante na “possibilidade de concessão de aumentos nominais de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade”.

Apesar do alerta, a ata do Copom lembra que há sazonalidade da inflação característica no primeiro trimestre, bem como concentração atípica de reajustes de preços administrados no período. “Embora, para o ano como um todo, o comportamento desses itens tenda a ser relativamente benigno.”

O parágrafo 24 termina com a citação de que o cenário para a inflação “também contempla o potencial impacto negativo decorrente das condições climáticas extremamente adversas verificadas neste início de ano em algumas regiões do Brasil”. O texto afirma que há probabilidade significativa de que pelo menos parte desse processo seja revertido durante o ano.