Banco Central reduz juros para 11,5% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado formado pela diretoria e presidente da autoridade monetária, se reuniu nesta quarta-feira (19) e decidiu baixar os juros básicos da economia brasileira, que recuaram de 12% para 11,50% ao ano. Trata-se da segunda reunião consecutiva de redução dos juros, que já haviam caído no fim […]

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado formado pela diretoria e presidente da autoridade monetária, se reuniu nesta quarta-feira (19) e decidiu baixar os juros básicos da economia brasileira, que recuaram de 12% para 11,50% ao ano.

Trata-se da segunda reunião consecutiva de redução dos juros, que já haviam caído no fim de agosto, pegando parte do mercado financeiro de surpresa. Com a decisão desta quarta, os juros  retornam ao menor patamar desde o começo do ano, visto que, em janeiro de 2011, estavam em 11,25% ao ano.

Crise financeira
A decisão do Banco Central foi tomada em meio ao agravamento da crise financeira internacional, que começou em setembro de 2009, mas que voltou a piorar há poucos meses – com o rebaixamento da dívida dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard & Poors.

Para o BC, a “transmissão” do cenário de crise externa para a economia brasileira pode acontecer por meio da redução do volume de comércio e do menor aporte de investimentos, além de restrições ao crédito e da “piora” no sentimento de consumidores e empresários. A crise também deve gerar, segundo analistas, redução dos preços dos alimentos – contribuindo para moderar as pressões inflacionárias.

“A situação externa não encontrou, desde a última reunião do Copom [no fim de agosto], definição de melhores alternativas. Houve agravamento e há grande possibilidade de recessão na Europa e Estados Unidos, sendo a queda gradual da atividade da economia chinesa já uma realidade”, avaliou o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora, que defendia um corte maior dos juros, da ordem de um ponto percentual, para 11% ao ano.

Sinais do BC e previsões do mercado
O novo corte nos juros básicos da economia brasileira foi amplamente sinalizado pelo Banco Central, que já havia comunicado que “ajustes moderados” nos juros seriam compatíveis com a inflação no centro da meta de 4,5% em 2012. Deste modo, a decisão já era esperada pelo mercado financeiro, que projetava justamente uma redução de 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira, para 11,50% ao ano.

Além das indicações do BC, indicadores econômicos divulgados nas últimas semanas confirmaram o cenário de desaceleração da economia brasileira. A prévia do PIB, divulgada pela autoridade monetária, mostrou recuo de 0,53% em agosto, ao mesmo tempo em que a produção industrial, e as vendas do varejo de agosto, também indicaram desaceleração da economia. Dados dos empregos formais, assim como a arrecadação, também mostram sinais de arrefecimento do nível de atividade.

Explicação do BC
Ao fim do encontro do Copom desta quarta-feira, o Copom divulgou o seguinte comunicado: “Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 11,50% a.a., sem viés. O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012”.

Metas de inflação
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Neste momento, a autoridade monetária já está nivelando a taxa de juros para atingir a meta do próximo ano.

Para 2011 e 2012, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. O BC busca trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2012.

Recentemente, o BC informou, por meio do relatório de inflação do terceiro trimestre deste ano, que prevê um IPCA de 6,4% para este ano, com 45% de chance de “estourar” o teto de 6,50% do sistema de metas, e uma inflação de cerca de 5% para o próximo ano.

Juros reais mais altos do mundo
Em 11,50% ao ano, de acordo com estudo do economista Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul, em parceria com Thiago Davino, analista de mercado da Weisul Agrícola, a taxa real de juros (após o abatimento da inflação) do Brasil ficou em cerca de 5,5% ao ano, mais do que o dobro do segundo colocado (Hungria, com 2,3% ao ano). A taxa média de juros de 40 países pesquisados está negativa em 0,8% ao ano. Juros altos tendem a atrair capitais para a economia brasileira, pressinando para baixo a cotação do dólar.

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