Após morte de feto, médico e enfermeira são indiciados por homicídio culposo em MS

Segundo o Inquérito Policial, a dupla cometeu diversos erros que provocaram a morte do feto, antes do nascimento, no Hospital Auxiliadora, em julho do ano passado.

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Segundo o Inquérito Policial, a dupla cometeu diversos erros que provocaram a morte do feto, antes do nascimento, no Hospital Auxiliadora, em julho do ano passado.

Um médico de 64 anos (A.T.) e uma enfermeira de 35
anos (M.J.S.S.B.) foram indiciados pela Polícia Civil de Três Lagoas por homicídio
culposo. Segundo os policiais da 1ª Delegadia, a dupla cometeu erros médicos sequenciais
durante a fase que antecedeu o parto de uma mulher de 23 anos, no Hospital
Nossa Senhora Auxiliadora, em julho de 2010.

Após um ano de inquérito policial, através dos
levantamentos feitos e dos laudos periciais apresentados, ficou concluído que o
médico e a enfermeira, em suas condutas profissionais, foram no mínimo
negligentes.

De acordo com os procedimentos médicos legais, a
negligência se mostrou não apenas em uma única conduta, mas diante de várias
condutas observadas nas investigações, como: não aferir a pressão arterial da
parturiente de hora em hora; não verificar que o feto apresentava sofrimento
fetal; não verificar os batimentos fetais constantemente; não prestar o
atendimento que a paciente necessitava; aguardar mais de 5 horas para realizar
a cesariana na paciente.

O caso

No dia 26 de julho do ano passado, às 23h15, a grávida
deu entrada no Auxiliadora com fortes dores de parto.

Inicialmente, a mulher foi atendida pela enfermeira
(M.J.S.S.B.), que a examinou e realizou o exame de toque, momento em que lhe
foi informado que o nascimento não seria de imediato.

A enfermeira ainda efetuou a medição dos batimentos
cardíacos do feto, que estavam entre 145 a 150 batimentos por segundo (bps).

O médico obstetra (A.T.), também a consultou e
disse que tudo estava caminhando para um parto normal. Determinando que a
paciente ficasse internada e em observação, o que foi feito.

Após o exame, nenhuma medicação foi prescrita para
a paciente, tendo ela permanecido no quarto com muitas dores. Apenas por volta
das 2h do dia seguinte (27), foi que a enfermeira entrou no quarto, mas nem se
aproximou da gestante.

A paciente relatou que continuou sentindo fortes
dores durante todo o tempo, mas somente por volta das 05h37, do dia 27, a
enfermeira retornou ao quarto e perguntou se ela sentia dores.

Neste momento, a enfermeira procedeu na medição dos
batimentos cardíacos do feto, quando verificou que eles estavam em 85 bps.

A Enfermeira saiu do quarto e, quando retornou, aplicou
uma medicação na paciente, dizendo que aquilo era vitamina para o bebê. Foi
então que os batimentos cardíacos da criança caíram bruscamente para 65 bps.

Ressalta-se, conforme relatado no Inquérito
Policial, que em nenhum desses momentos o médico esteve com a gestante.

Somente após essa segunda medicação dos batimentos
cardíacos do feto que a enfermeira então deixou o local e retornou com o
médico. Logo em seguida eles encaminharam a paciente para a sala de parto
normal, onde o médico verificou que a água da placenta estava normal e
solicitou o encaminhamento da paciente para o Centro Cirúrgico, onde seria
realizado a Cesariana.

Assim que a criança nasceu, a genitora observou que
ela não chorava. Chegando a ver que as enfermeiras tentavam reanimar a criança,
antes que lhe fosse aplicado uma medicação que a fez dormir.

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