Militar reformado de 83 anos de idade, disse que Elianice Gonçalves Gama pegou dele R$ 32 mil, soma que deveria ser entregue aos dois filhos por força do processo de inventário, mas o dinheiro foi depositado noutra conta e nunca devolvido

A advogada Elianice Gonçalves Gama, 50, que teria enganado um sargento do Corpo de Bombeiros, preso por tráfico de drogas, já havia sido denunciada por estelionato. Entre os supostos crimes praticados por ela há um emblemático: a advogada teria trapaceado um militar de 83 anos idade, que a contratou para agir num processo de inventário. Ao invés de repassar R$ 32 mil a dois dos filhos da vítima, Elianice teria ficado com o dinheiro. A advogada nega a acusação.

Elianice foi denunciada nesta semana à OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) em Mato Grosso do Sul, por ter supostamente abandonado a defesa do sargento do Corpo de Bombeiros Ales Marques, 50, preso no ano passado por tráfico de droga. O militar disse ter passado uma procuração de bens imóveis a sua defensora, que sumiu.

Eis a outra denúncia contra a advogada registrada no dia 11 do março do ano passado sob o registro 4234/2010 na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), em Campo Grande.

Emygdio Zeferino e a mulher dele Cleonice Alencar de Azevedo, 50, disseram ter contratado Elianice para cuidar do processo de inventário do primeiro casamento do militar reformado.

A defensora disse à vítima que por determinação da Vara de Sucessões, o militar teria de repassar R$ 16 mil a cada um dos dois filhos.

“Por precaução dos emitentes”, assim está escrito no boletim de ocorrência, Zeferino e a mulher preencheram dois cheques “nominais e cruzados” e entregues a advogada.

Ocorre que os filhos de Zeferino, Álvaro e Áureo, nunca viram a cor do dinheiro. O militar tentou achar a advogada, que não atendia mais o telefone e nem as visitas do casal, que iam até o escritório de Elianice, mas nunca a encontrava.

O militar contratou outro advogado, daí foi descoberta a farsa, segundo ele. A advogada havia depositado os cheques na conta de outra pessoa, desconhecida do militar.

Além disso, narra Zeferino no boletim, ele já havia emitido um cheque e dado dinheiro em espécie a advogada, uma soma de R$ 13 mil, que também teriam sido desviados.

O militar disse ter assinado um cheque no valor de R$ 7 mil solicitado pela advogada para quitar o chamado ITCD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação). A taxa nunca foi paga, segundo Zeferino.

Noutra ocasião, o militar havia emprestado R$ 9 mil a advogada, dinheiro financiado por meio de consignação do Banco do Brasil, onde é correntista desde 1974.

Como garantia do empréstimo, a advogada entregou ao militar um cheque da empresa Toshimar Produtos Alimentícios Ltda. No dia combinado, Zeferino foi ao banco e lá soube que o cheque não tinha fundo.

O militar apurou depois que a tal empresa Toshimar tinha trocado de nome, virou Gama e Gama, que seria propriedade de dois filhos da advogada.

Na tentativa de receber os R$ 9 mil, o militar descobriu o telefone do filho da advogada. Note o teor da conversa, anotado no boletim de ocorrência, segundo Zeferino:

“Convém ressaltar, outrossim se que o comunicante entrou em contato telefônico com o Sr. Jullier Gama Alves [filho de Elianice] em 14/04/2010 quando descobriu que a empresa estava em nome do mesmo, para receber o cheque, ao qual para sua surpresa o Sr. Jullier disse que a sua mãe [a advogada em questão] é que resolveria o caso isto é se ela quisesse, pois otários e idosos existem para serem enganados e posterior a isto desligou o telefone, não atendendo a mais nenhuma tentativa de contato com os mesmos”.

OUTRO LADO

A advogada Elianice Gama, disse, por telefone, nesta manhã, que a denúncia do militar “não procede” e que a reclamação do bombeiro corre em segredo de Justiça, razão pela qual “não podia comentar o caso”.

A advogada atendeu a ligação rapidamente alegando que participava de uma audiência judicial e prometera falar sobre as acusações “mais tarde”. Ela disse que enviaria à redação documento sobre o processo que ela responde na comissão de ética da OAB/MS.

A denúncia acerca do episódio envolvendo o militar reformado também foi registrada na Ordem, segundo o boletim policial que narra o histórico, sob o número 2010.45.02740-01.

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