Acusado de matar cacique Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul é absolvido de homicídio

Após cinco dias de julgamento, os jurados decidiram no fim da noite de ontem (25) absolver Carlos Roberto dos Santos, acusado da morte do cacique Guarani-Kaiowá Marcos Veron.

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Após cinco dias de julgamento, os jurados decidiram no fim da noite de ontem (25) absolver Carlos Roberto dos Santos, acusado da morte do cacique Guarani-Kaiowá Marcos Veron.

Após cinco dias de julgamento, os jurados decidiram no fim da noite de ontem (25) absolver Carlos Roberto dos Santos acusado da morte do cacique Guarani-Kaiowá Marcos Veron. Ele e mais Jorge Cristaldo Insabralde e Estevão Romero eram réus no processo que apura os crimes contra o grupo de índios que ocupou a Fazenda Brasília do Sul, em Juti, Mato Grosso do Sul, em fevereiro de 2003.

Os três funcionários da fazenda, no entanto, foram condenados por seis sequestros, tortura e formação de quadrilha armada. A pena estipulada pela juíza da 1ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Paula Mantovani, foi de 12 anos e três meses de prisão. Estevão Romero foi condenado também a mais seis meses em regime aberto por fraude processual.

Todos os réus já passaram quatro anos e oito meses sob prisão preventiva. Como a sentença ainda não transitou em julgado, eles deixaram o tribunal em liberdade.

Para o procurador Luiz Carlos Gonçalves, o resultado foi uma vitória parcial. “ A vitória completa seria a condenação dos réus também pelos homicídios e tentativas de homicídios”. Mesmo assim, ele considerou a sentença um avanço na luta pelos direitos indígenas. “A mensagem de que a comunidade indígena tem direitos e que a violência é intolerável foi dada”, disse.

O próximo passo, segundo o procurador, é buscar a condenação dos supostos mandantes do assassinato de Marcos Veron. O dono da fazenda é réu em outro processo sobre o mesmo caso.

A defesa dos acusados comemorou o resultado, já que a pena aplicada é apenas uma fração da penalidade que poderia ser imputada. O advogado Josephino Ujacow, entretanto, já adiantou que vai recorrer da sentença.

O juri foi realizado em São Paulo atendendo ao pedido do Ministério Público Federal. O órgão afirma que o dono da fazenda tem grande poder econômico e poderia influenciar no julgamento em Mato Grosso do Sul. Além disso, segundo o MPF, existe no estado um grande preconceito contra indígenas.

Os crimes ocorreram quando um grupo de cerca de 40 seguranças da Fazenda Brasília do Sul desocupou a área à força. Os índios estavam acampados pela segunda vez a fazenda que é reivindicada como terra indígena. Marcos Veron teria sido morto a coronhadas durante o conflito, mas a defesa sustenta que o índio havia sido agredido na própria aldeia.

Os cinco dias de juri foram acompanhados por um grupo de índios que inclui três filhos do cacique morto e cerca de 15 outros membros da tribo.

Conteúdos relacionados